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Controlar o efeito estufa pode ficar na promessa

OESP, Vida, p.A30
10 de Dez de 2005

Controlar o efeito estufa pode ficar na promessa
Na COP 11, países se unem mais uma vez nas boas intenções, mas correm o risco de fracassar diante da falta de apoio dos EUA
Cristina Amorim
Com AP, AFP e Reuters
A maioria dos países se une para controlar o efeito estufa, mas seus esforços podem se tornar irrelevantes porque o maior poluidor do mundo, os Estados Unidos, não concorda com os termos e nega participação.
A frase acima tem sido usada na última década nos campos diplomáticos e econômicos que visam a atacar problemas climáticos e parece não ser diferente neste ano. A 11ª Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudança Climática (COP 11) termina em Montreal, Canadá, com promessas para negociações sobre o controle de emissão de gases que causa o efeito estufa após 2012. É quando acaba a primeira fase do Protocolo de Kyoto, acordo ambiental global que não foi ratificado pelos americanos.
Os governos concordam que Kyoto é o primeiro passo nessa direção, porém insuficiente para contornar as mudanças climáticas provocadas pela ação do homem. Por isso, metas agressivas, além de uma participação efetiva de países em desenvolvimento e dos americanos, são caminhos essenciais.
O debate avançou entre países pobres, como o Brasil, e exportadores de petróleo. Não com os Estados Unidos. Seu negociador, Harlan Watson, deixou na metade uma reunião que discutia a proposta canadense de estabelecer uma data para que ações pós-2012 sejam acordadas. É um mecanismo similar ao que levou ao próprio protocolo, criado em 1997 após dois anos oficiais de negociações.
Para Watson, é um documento formal de negociação, não de debate. "Se ele se parece com um pato, faz barulho como um pato, anda como um pato, então é um pato", teria dito a negociadores após sair da reunião.
Na última noite da COP 11, a expectativa era de aprovação da proposta sem os americanos - o que reduz sua força, como aconteceu em Kyoto. "Os Estados Unidos alegam que entrar no protocolo teria peso negativo na economia americana, mas a Califórnia mostra que essa alegação não é verdadeira", diz José Goldemberg, secretário do Meio Ambiente de São Paulo. Os dois Estados têm um acordo para a troca de tecnologias dirigidas ao controle das mudanças climáticas e da poluição urbana. O governador da Califórnia, o ex-ator Arnold Schwarzenegger, estabeleceu a redução das emissões nos próximos 50 anos a 80% menos do que era emitido em 1990. "Nem por isso eles sofrem uma recessão", diz Goldemberg.
Ontem, o ex-presidente americano Bill Clinton discursou na COP e reiterou as críticas feitas à administração de George W. Bush por diplomatas e ambientalistas. Segundo ele, os Estados Unidos devem, com um "esforço disciplinado sério", buscar formas de reduzir as emissão de gases, dentro ou fora do protocolo. "Podemos alcançar e ultrapassar as metas de Kyoto de uma forma que fortaleça e não enfraqueça a economia."
A COP termina com descrédito. Como imagem, ficam 150 patos plásticos distribuídos por ambientalistas em homenagem à declaração de Watson.
OESP, 10/12/2005, p. A30

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