OESP, Vida, p. A34
06 de Nov de 2010
Contradição explica aumento de 22% da população de Manaus
Para especialistas, Censo confirma retração de migração para capital; entre 1991 e 2000, crescimento foi de 39%
Liège Albuquerque / Manaus
A tendência de descentralização do crescimento populacional dos grandes centros urbanos para as cidades mais desenvolvidas no interior dos Estados começou a ser realidade também para o Amazonas, segundo os resultados do último Censo. Embora a população da capital tenha crescido 22% nos últimos dez anos, cresceu bem menos do que havia crescido entre 1991 e 2000, quando o aumento populacional de Manaus foi de 39%.
"O Amazonas está passando por uma fase de queda forte tanto na fecundidade quanto no movimento migratório para a capital", afirma o demógrafo Pery Teixeira, da Fundação Oswaldo Cruz. "Assim como a maioria das capitais brasileiras, o ritmo de crescimento de Manaus está menor, acompanhando essa tendência."
Segundo o pesquisador, com a chegada da Zona Franca de Manaus, em 1967, a capital dobrou de população na década de 70. "Eram 300 mil e pulou para 600 mil. Mas, depois desse boom, não houve mais um crescimento tão surpreendente: em 1991 para 1 milhão, em 2000 para 1,4 milhão e agora 1,7 milhão", disse.
"O crescimento da capital ficou mais tímido na década de 80, depois que a Zona Franca quebrou o monopólio comercial e industrial, passando só para o industrial", disse o professor de geografia urbana da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Marcos Castro
Para os dois pesquisadores, a tendência é da diminuição do crescimento de Manaus e a migração para as cidades maiores do interior. "Quanto mais aumentar a oferta de meios de transporte, como a ponte Manaus-Iranduba, que deve ser inaugurada em breve, ligando a capital a municípios da região metropolitana , mais fácil será essa migração para fora de Manaus, uma cidade que está se esgotando em problemas de violência urbana e de trânsito", diz Castro, da Ufam.
http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101106/not_imp635587,0.php
OESP, 06/11/2010, Vida, p. A34
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