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Contra Teles Pires, índios discutem com ministro

O Globo, Economia, p. 28
22 de Fev de 2013

Contra Teles Pires, índios discutem com ministro
Para acalmar ânimos, Gilberto Carvalho tem de descer de gabinete no Planalto para conversar com manifestantes

Catarina Alencastro
catarina@bsb.oglobo.com.br
André de Souza
andre.renato@bsb.oglobo.com

O embate entre o governo e índios em torno da construção de hidrelétricas ganhou ontem um ingrediente incomum. O secretário-geral da Presidência, ministro Gilberto Carvalho, foi obrigado a descer de seu gabinete no Palácio do Planalto para acalmar os ânimos de um grupo das tribos Munduruku e Kayabi, que protestava contra a construção da hidrelétrica Teles Pires, no Mato Grosso. Os índios apresentaram uma lista de reivindicações à Presidência, mas se recusavam a entrar no Planalto. O diálogo tenso entre o ministro e os índios foi testemunhado pelo GLOBO. Eles vivem na divisa entre Mato Grosso e Pará, onde está sendo construída a usina.
- Vocês têm duas opções. Uma delas é inteligente: é dizer OK, vamos acompanhar, vamos exigir direitos nossos, vamos exigir preservação disso e disso e benefícios para nós. A outra é dizer não. Isso vai virar, infelizmente, uma coisa muito triste, e vai prejudicar muito a todos, ao governo, mas também a vocês. A hidrelétrica a gente não faz porque a gente quer, (mas) porque o país precisa - disse Carvalho, cercado pelos índios.
- A natureza também o país precisa (sic) - respondeu o representante da tribo Munduruku, insistindo para que o interlocutor de Dilma assinasse o recebimento das reivindicações.
- Assino. O que estou querendo dizer para vocês é olho no olho. Não quero enganar. Nós vamos fazer tudo dentro da lei, nós vamos fazer as oitivas, vamos fazer as audiências - ponderou.
- Tem que olhar o nosso lado também - pediu o índio.
- Estamos olhando - respondeu o ministro.
- Nós viemos na casa de vocês (sic) - insistiu o índio.
- A casa é de todo mundo do Brasil - observou Carvalho.
- Mas nossa área é nossa vida. E se a gente quebrar tudo aqui? - comparou o índio.
Neste momento, Carvalho, tenso, começou a andar em direção à mesa de recepção do Planalto, para assinar o documento:
- Vou receber. Vou pedir a vocês que subam lá, para ouvir meu compromisso e levar meu compromisso. Vou assinar.
Após muita negociação, os índios concordaram em ir ao gabinete de Carvalho.

O Globo, 22/02/2013, Economia, p. 28

http://oglobo.globo.com/economia/gilberto-carvalho-tem-dialogo-tenso-co…

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