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Consumo de energia sobe; governo estima risco 'baixo' de racionamento

FSP, Mercado, p. B4
13 de Mar de 2014

Consumo de energia sobe; governo estima risco 'baixo' de racionamento
Possibilidade antes era tida como "baixíssima"; demanda aumentou 7,8% no mês passado
Consultoria vê chance de 23,8% de faltar energia (o normal é 3%); ONS aguarda chuvas do bimestre

PEDRO SOARES DO RIO JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA

O risco de um racionamento aumentou neste ano diante do aumento no consumo de energia registrado em fevereiro, causado pelo calor intenso, e de uma vazão de chuvas muito abaixo da média histórica nos rios que alimentam as hidrelétricas.

Segundo a consultoria PRS, a probabilidade de faltar energia para atender toda a demanda subiu de 18,5% em janeiro para 23,8%. O percentual é considerado muito elevado por especialistas do setor --o risco normal é 3%.

O próprio Ministério de Minas e Energia passou a considerar como "baixa" a possibilidade de racionamento. Em fevereiro, o risco de um eventual desabastecimento era tido como "baixíssimo".

A mudança ocorreu no mesmo dia em que o ONS (Operador Nacional de Energia Elétrica) informou que, com o forte calor na maior parte do país, o consumo de energia cresceu 7,8% em fevereiro na comparação com fevereiro de 2013, uma aceleração em relação aos 3,7% de alta registrados em 12 meses.

Sobre janeiro passado, a alta foi de 3,6%.

Ainda assim, o ministro Edson Lobão ressaltou, em nota, que em março já há uma "condição melhor" diante do aumento das chuvas. "Temos tranquilidade de que não faltará energia no país."

SITUAÇÃO CRÍTICA

Especialistas, porém, não se mostram tão otimistas.

Para Ricardo Aquino, da comercializadora Trade Energy, a situação é crítica e há um "risco bastante importante" de desabastecimento, o que já deveria ter levado o governo a lançar uma campanha para poupar energia.

Aquino diz que, de fato, março começou melhor, com uma pequena recuperação do nível dos reservatórios, calor e consumo de energia menores e mais chuvas. Mas a preocupação persiste porque a reserva de água para geração de energia é muito baixa.

Anteontem, as barragens das usinas do Sudeste/Centro-Oeste, as mais importantes do país, atingiram 35,69% de sua capacidade. O percentual de fevereiro ficou em 34,61%, muito próximo a igual mês de 2001, o ano do racionamento de energia.

Já a vazão das chuvas nos rios que enchem os reservatórios passou de 38,22% da média histórica em fevereiro para 77% da média na primeira semana de março.

O ONS crê que, ao longo de março, o volume se manterá nesse nível, o que ajudará a recompor os reservatórios.

Hermes Chipp, diretor-geral do ONS, fez coro ao ministro e disse que simulações indicam que o país não corre risco de ficar sem energia.

O diretor disse ainda que 43% seria um nível confortável para as barragens chegarem ao final do período de chuvas mais intensas, em abril. Só após esse período é que será possível avaliar se há necessidade ou não de racionamento, segundo ele.

Já Francisco Navarrete, do Banco Brasil Plural, considera a estimativa otimista e vê um cenário de aumento no risco de faltar energia.

Mário Veiga, da PRS, diz que o consumo mais elevado pressionou o nível dos reservatórios em fevereiro, mas afirma que "nenhuma decisão sobre racionamento deve ser tomada até o final de abril", pois as chuvas de março e abril são decisivas para avaliar o suprimento em 2014.

Consumidor vai pagar conta das térmicas
Em janeiro, distribuidoras gastaram R$ 1,2 bilhão com luz mais cara
Usinas complementam hidrelétricas, mas seca elevou uso de energia mais cara; repasse será feito ao longo de 5 anos

JÚLIA BORBA DE BRASÍLIA

O governo decidiu que irá repassar para o consumidor, ao longo de cinco anos, uma conta do setor elétrico de R$ 1,2 bilhão. O valor corresponde à ajuda dada às distribuidoras e servirá para que elas paguem as despesas de janeiro com compra de energia, mais cara devido ao uso de usinas termelétricas.

A decisão de socorrer as distribuidoras foi publicada em decreto que não esclarecia fonte do recurso ou forma de pagamento.

As térmicas são usinas mais poluentes e, em geral, usadas para complementar a geração das hidrelétricas. Como o país vem enfrentando períodos de seca mais severos desde 2012, elas estão sendo usadas em larga escala, pressionando custos.

Normalmente, as distribuidoras arcavam com a despesa das térmicas e repassavam o custo para o consumidor no ano seguinte, na revisão tarifária. Com o incremento do uso das térmicas, no ano passado o governo decidiu diluir o repasse desse custo ao consumidor ao longo dos cinco anos seguintes.

Ontem, o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, disse que a mesma fórmula será adotada para custos adicionais neste ano. Segundo ele, "o novo decreto alterou algumas cláusulas, mas mantém as mesmas características do ano passado", quando as distribuidoras receberam ajuda semelhante.

FSP, 13/03/2014, Mercado, p. B4

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/156166-consumo-de-energia-sobe…

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/156167-consumidor-vai-pagar-co…

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