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Consumo de energia bate tres recordes

OESP, Economia, p.B16
03 de Set de 2004

Consumo de energia bate três recordes
Dados não preocupam o ONS porque sistema elétrico nacional ainda tem muita oferta
Alaor Barbosa
RIO - O sistema elétrico brasileiro registrou três recordes de consumo de energia em agosto, o que indica a aceleração da demanda nas últimas semanas. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o Sistema Integrado Nacional (SIN) registrou o consumo de 57.799 MW no dia 24 de agosto, recorde absoluto na História do País. O SIN engloba a geração de energia nos quatro sub-mercados (Sudeste-Centro-Oeste/Sul/Nordeste e Norte).
No dia 18, o consumo atingiu 57.647 MW e no dia 5 a demanda total atingiu 57.553 MW. É a primeira vez nos últimos anos que o setor registra três recordes seguidos num mesmo mês. Esses dados se referem à chamada "demanda instantânea", que afere o pico do consumo naquele dia.
Ao todo, em agosto o consumo de energia elétrica somou 32.385 GWh, o que representa aumento de 9,37% em relação a agosto de 2003. Os dados do mês passado mostram que a demanda cresceu principalmente na Região Sudeste e no Norte. As informações não estão segregadas, segundo profissionais do setor, a demanda maior foi de empresas ligadas à exportação.
O presidente da Companhia de Eletricidade do Rio de Janeiro (Cerj), Marcelo Llévenes, disse que no Estado do Rio houve crescimento de 6,8% em agosto em relação a agosto de 2003. "Há muitos anos não se observava um aumento tão forte", disse Llévenes, que atribuiu o crescimento ao setor industrial.
O superintendente de Relações com Investidores da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), Luiz Fernando Rolla, também observou forte aumento do consumo nos últimos meses naquele Estado, impulsionado pelo setor industrial.
Outro aspecto significativo é que a temperatura média deste ano tem ficado entre 1,5 e 2 graus abaixo da média histórica. "Com temperatura mais amena, o consumo de energia elétrica é menor", observou Llévenes. Na Região Norte, o aumento reflete o crescimento dos embarques de alumínio. As duas fábricas localizadas na região (Albrás e Alumar) respondem por mais da metade do consumo da Eletronorte, e as duas empresas têm registrado embarques crescentes para o exterior.
Pelos dados do ONS, os recordes anteriores haviam sido registrados em 1.o de julho e 31 de março. Antes disso, a maior marca havia sido atingida em 24 de abril de 2001, quando a demanda instantânea atingiu 56.196 MW. Naquele ano, alguns setores industriais aceleraram a produção para se antecipar ao racionamento de energia que começou em junho.
Alerta - O aumento de consumo não traz preocupações aos técnicos do ONS no curto prazo, já que o sistema elétrico nacional continua com ampla disponibilidade de oferta de energia, mas traz um alerta quanto à necessidade de novos investimentos. Quarta-feira, por exemplo, o SIN tinha uma oferta sincronizada de energia disponível de 66.542 MW, o que indica um adicional de 8.713 MW em relação à energia efetivamente gerada. O patamar recomendado pelo órgão oscila em torno de 3.021 MW, o que indica um "excesso" da ordem de 5.700 MW. Mantido o atual ritmo de expansão do consumo, porém, esse adicional poderá ser engolido nos próximos dois anos.
Para viabilizar um crescimento do consumo da ordem de 4,5% a 5% ao ano o País precisa de acrescentar entre 3.200 MW e 3.500 MW de energia nova todos os anos. Pelos dados da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) o País poderá agregar mais 2.500 MW de energia nova este ano, outros 3.058 MW em 2005, 2.763 MW em 2006 e 438 MW em 2007 e praticamente nenhum MW novo a partir de então.
Se novas unidades geradoras não forem anunciadas, poderão ocorrer problemas de suprimento a partir de 2008, mantido o atual ritmo de crescimento da economia.

OESP, 03/09/2004, p. B16

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