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Consumo de água cai 23% em SP

OESP, Metrópole, p. C1, C3
25 de Jul de 2009

Consumo de água cai 23% em SP

Eduardo Reina

Apesar do aumento populacional, o consumo de água na Região Metropolitana de São Paulo vem diminuindo nos últimos dez anos. A média mensal baixou 23%, de 17,4 m³ por residência, em 1998, para 13,4 m³ por residência, em maio deste ano, segundo a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp). No mesmo período, o número de imóveis cadastrados aumentou de 3,3 milhões para 5,1 milhões, 55% a mais.

O diretor metropolitano da Sabesp, Paulo Massato, justifica a diminuição do consumo nas residências pela conscientização da população no uso racional da água, na existência de núcleos familiares menores, que alteraram os hábitos, nos equipamentos cada vez mais modernos, que evitam o desperdício, além de ações de combate às perdas desenvolvidas pela própria companhia.

Mas Julio Cerqueira Cesar Neto, engenheiro ambiental e ex-presidente da Agência da Bacia do Alto Tietê, não acredita nos dados sobre a diminuição do consumo. "A aritmética é marota. Essa redução está fora da realidade. Na minha opinião, a conta é outra: a Sabesp afirma que não faz racionamento e atende 100% da população. Entretanto, só dispõe de 66 m³/s, quando na realidade esses 100% hoje demandariam 73 m³/s. Ou seja, com o volume produzido só estão atendendo 90% da população. Ficam 2 milhões de pessoas sem água. Como eles acham que estão atendendo 20 milhões com os 66 m³/s, número que equivale a 90% de 73 m³/s? Dividindo um número menor de vazão (66 m³/s) por um número maior de pessoas dá mesmo um consumo menor por pessoa", explica o engenheiro.

Enquanto a população consome menos água, a produção do Sistema Integrado da Região Metropolitana, composto pelas Represas do Guarapiranga, Billings, da Cantareira, do Alto Tietê, do Rio Claro e do Alto Cotia, cai ano a ano. Em 2006, eram produzidos 66,27 m³ por segundo. Baixou no ano seguinte para 65,67 m³/s, depois para 65,54 m³/s e chegou em maio a 65,26 m³/s.

A expectativa é de que a baixa no consumo possa dar fôlego aos sistemas da Região Metropolitana. "A projeção é de que assim conseguiremos manter a captação para abastecer 20 milhões de pessoas na Grande São Paulo até 2012, 2013", prevê Massato.

Após essa data será preciso buscar água em outros mananciais. Uma das alternativas é instalar um sistema integrado nas Regiões Metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista, além das regiões de Sorocaba e Vale do Paraíba. "Todas essas regiões estão em nascentes de rios. Está sendo pensada uma solução que atenda 28 milhões de pessoas", revela o diretor da Sabesp.

5 mil individualizam água de prédio
Desde dezembro, Sabesp atendeu 3.171 condomínios interessados; processo tem demorado, em média, 6 meses

Eduardo Reina

Uma das maneiras de se economizar água, principalmente em condomínios comerciais e residenciais, é a adoção da medição individualizada do consumo. Em São Paulo, a Sabesp lançou o programa ProAcqua em dezembro do ano passado, para instalação de hidrômetros individuais em condomínios. De dezembro até o dia 17 de julho, aproximadamente 5 mil apartamentos já aderiram ao modelo. De acordo com a superintendente de Planejamento e Desenvolvimento da Sabesp, Regina Siqueira, essas adesões equivalem a mais de 30 condomínios residenciais.

Nesse período ainda houve 3.171 atendimentos com pedidos de informação sobre o programa, o que resultou em 912 solicitações de orçamento. "Esse programa tem uma grande complexidade. O processo todo de tramitação dentro de um condomínio leva pelo menos seis meses de negociação, com assembleias, assinaturas de contrato e todo o processo. O consenso nas assembleias é difícil", explica Regina.

Alfredo Caseiro, que mora num condomínio na Rua Aimberê, em Perdizes, zona oeste da capital, conta que, depois que foi feita a individualização dos hidrômetros no prédio em que mora, a conta da água baixou cerca de 36%. Na última cobrança antes da individualização, o consumo foi de 28 m³ (R$ 148,36). No mês de junho último, passou para 17 m³ (R$ 54,68). Caseiro atribui também a diminuição aos esforço feitos para economizar água. "Houve redução nos banhos e concentração de roupas para a utilização da máquina de lavar", diz.

A maior dificuldade encontrada para a medição individual está nos prédios já construídos. A obra de instalação dos hidrômetros mostra-se inviável, por causa dos custos elevados, pois é necessária a troca quase total das instalações hidráulicas internas, além de um sistema de medição que exige um remodelamento técnico e administrativo do imóvel.

Em empreendimentos novos, de acordo com a própria companhia, a solução é mais fácil, pois os hidrômetros podem ser previstos já na concepção do projeto arquitetônico.

O custo varia de acordo com a planta hidráulica. A cada prumada, segundo a Sabesp, paga-se em média, R$ 700 por apartamento. Um apartamento de três quartos, em geral, tem de duas a três prumadas de canos a serem redimensionadas para a instalação do hidrômetro individual.

OESP, 25/07/2009, Metrópole, p. C1, C3

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