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Constrangimento com o Greenpeace

O Globo, O País, p. 13
21 de Out de 2010

Constrangimento com o Greenpeace
Dilma reage contra protesto durante evento de apoio de verdes

Cristiane Jungblut

O apoio de parte do PV à candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, foi marcado pelo constrangimento de um protesto do Greenpeace, que abriu uma faixa no meio da solenidade, no momento em que ela discursava. A atuação de duas militantes do Greenpeace - que pediam o compromisso da candidata com o desmatamento zero - causou certo tumulto. Enquanto os militantes chamavam os representantes do Greenpeace de tucanos, Dilma tentou acalmar a plateia, deu voz às manifestantes, mas disse que não fazia promessas que não podia cumprir.
Quando Dilma começava a discursar, duas militantes do Greenpeace abriram uma faixa de cor amarela que questionava: "Desmatamento zero e lei dos renováveis. Você assina embaixo?". Na saída do encontro, numa conversa tumultuada, Dilma criticou a proposta, considerada vaga: - É demagógico.
Pouco antes, no discurso, Dilma disse que não se comprometeria com propostas consideradas inviáveis neste momento: - Somos democratas. Deixa a moça (do Greenpeace) apresentar a proposta dela - disse, e respondeu após ouvir a proposta: - Minha querida, não faço leilão político para receber apoio. Faço propostas que sei que são viáveis. Agora, entre querer e fazer, há todo um processo. Podemos até chegar a isso (desmatamento zero), mas hoje nosso objetivo, e nossa palavra empenhada, é de redução de 80% do desmatamento na Amazônia e tolerância zero com desmatamento em qualquer bioma.
Em outro ponto do discurso, Dilma aproveitou para atacar indiretamente o candidato do PSDB, José Serra, que assinou carta em que se comprometia a não deixar a prefeitura de São Paulo e depois saiu para concorrer ao governo estadual.
- A minha assinatura não vai em qualquer documento que alguém põe na minha frente e diz: assina. Porque isso é desrespeitoso - disse Dilma.
No evento, a campanha petista distribuiu carta com "Os 13 compromissos de Dilma em política ambiental". Entre eles, está o de "fortalecer a dimensão da sustentabilidade ambiental nas grandes obras do PAC, da Copa e das Olimpíadas".
O ato, realizado num hotel de Brasília, das 11h às 14h, contou com a presença de quatro ministros no horário de trabalho: Márcio Fortes (Cidades); Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário); Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência); e Samuel Pinheiro (Secretaria de Assuntos Estratégicos).
Os militantes do PT tentaram conter os do Greenpeace aos gritos: - Fora, tucanos! Foi Dilma que interveio para tentar manter a calma. Mais tarde, o diretor de campanhas do Greenpeace, Sérgio Leitão, disse que a entidade queria apenas um compromisso formal com a meta de desmatamento zero e com a aprovação no Congresso de uma lei que garante energias limpas e renováveis. Ele disse que, como ministra, Dilma aprovou a construção de usinas a gás, óleo e diesel que "sujam a natureza".
- Só não fomos linchados porque havia testemunhas. O que ocorreu foi a (mesma) intolerância da qual o PT sempre reclamou. O Greenpeace não apoia ninguém e briga com qualquer governo. Não é demagógico, temos que saber até que ponto (seu compromisso com o meio ambiente) é serio - disse Leitão.
Dilma fez uma única citação à senadora Marina Silva (PV): - Considero a Marina uma grande militante do campo popular, tanto em lutas sociais quanto na luta ambiental.
Dilma também fez um agradecimento especial a Ângela Mendes, filha do seringueiro e ambientalista Chico Mendes, morto em 1988. Ângela declarou apoio à petista.
No evento, cerca de 60 integrantes do PV distribuíram um manifesto chamado "Marineiros com Dilma". No documento, eles afirmam que Serra representa a "direita de sempre". Entre as lideranças do PV, estavam os deputados Zequinha Sarney (MA) - ministro de Meio Ambiente no governo FH -; Roberto Santiago (SP); Edson Duarte (BA); Fábio Ramalho (MG); e José Fernando Aparecido de Oliveira (MG).

O Globo, 21/10/2010, O País, p. 13

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