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Conselho Indígena responsabiliza governo por conflitos com militares em Roraima

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
31 de Jul de 2001

Em carta endereçada aos ministros da Defesa, Geraldo Quintão, e da Justiça, José Gregori, o coordenador-geral e o vice-coordenador do Conselho Indígena de Roraima (CIR) responsabilizam o Governo Federal por conflitos entre indígenas e militares ou entre índios e não-índios na região do Uiramutã. Ontem o coordenador Jacir José de Souza informou a prisão de garimpeiros que estariam explorando a reserva.
Na carta, os índios afirmam: "Pela situação imposta às comunidades indígenas, à revelia de qualquer diálogo, alertamos que está gerando tensão e angústia, favorecendo conflitos entre indígenas e militares, onde os indígenas são as partes desarmadas. Toda a violência decorrida deste incidente é responsabilidade do Governo Federal".
De acordo com o dirigente do CIR, ele tratou da hipótese de conflito porque em maio passado, durante operação do Exército, a maloca Laje teria sido invadida por soldados, deixando assustados adultos e crianças índias. Ontem ele recebeu notícia da comunidade Vilemon, que garimpeiros voltaram a explorar o rio Ailã. "Foram presos cinco deles. A Polícia Federal e a Funai foram para lá verificar o que está acontecendo", disse.
Como as demais lideranças da região, Jacir de Souza acredita que "na sombra do Exército, podem chegar mais pessoas e vai haver conflito com garimpeiros, com fazendeiros, porque eles estão entrando na reserva". Disse que em razão destes e de outros fatos querem que os ministros se apresentem para responder por quaisquer problemas que aconteçam na comunidade indígena. "A área é demarcada, falta apenas a homologação e nós estamos vendo que não se respeita a lei". Os indígenas querem que o governo espere a conclusão da ação que tramita na Justiça Federal. Argumenta que, faltando decidir o mérito da questão, no dia 25 de julho o Exército lançou a pedra fundamental do quartel que será construído em Uiramutã. Disse que a escolha do local para construção do quartel é o principal problema dos índios com o Exército.
"Nós falamos que poderíamos indicar o local. Mas, sem consultar as comunidades indígenas, o Exército começou a fazer a obra. Por isso entramos na Justiça onde tivemos uma pequena vitória e eles insistem quando o processo ainda está tramitando. Achamos que o quartel deve ser construído em outro local, desde que discutido com todas as lideranças da região", declarou Jacir José de Souza.

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