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Conhecimentos tradicionais na Amazônia estão ameaçados, diz petista

Agência Informes
07 de Abr de 2005

Um analgésico 40 vezes mais poderoso que a morfina. Essa é uma das propriedades da secreção do sapo amazônico kampô, intensamente pesquisada por cientistas dos Estados Unidos, Israel e Itália. A substância foi patenteada nestes três países antes da ratificação da convenção da biodiversidade, em 1992, que assegura aos povos da floresta a soberania sobre os recursos naturais.

Na opinião do deputado Henrique Afonso (PT-AC), é preciso aprovar com urgência uma lei que assegure o acesso e a preservação dos recursos das florestas brasileiras, para evitar que estes bens sejam apropriados pelos grandes laboratórios, sem beneficiar as populações.

As descobertas acerca da secreção cutânea do kampô são um exemplo do potencial comercial de remédios da floresta. Segundo informações da ONG Amazonlink, as pesquisas revelaram que a secreção do phyllomedusa bicolor contém uma série de substâncias altamente eficazes, sendo as principais a dermorfina e a deltorfina, pertencentes ao grupo dos peptídeos. Estes dois peptídeos eram desconhecidos antes das pesquisas com o phyllomedusa bicolor.

Dermorfina é um potente analgésico e deltorfina pode ser aplicada no tratamento da isquemia cerebral, um tipo de falta de circulação sanguínea e falta de oxigênio, que pode causar derrames. As substâncias da secreção do sapo também possuem propriedades antibióticas e de fortalecimento do sistema imunológico e ainda revelaram grande poder no tratamento do mal de Parkinson, Aids, câncer, depressão e outras doenças.

O deputado explicou que os índios usam a chamada "vacina do sapo" para combater o que eles chamam "panema", ou seja, o mal estar, a falta de ânimo. "Eles relatam que têm mais coragem para ir à caça quando usam a secreção do sapo", afirmou. Henrique Afonso acrescentou que os povos da floresta estão preocupados com a apropriação de muitas substâncias que eles usam desde tempos imemoriais.

Michel Schmidlehner, da Amazonlink, considera positivo que a secreção esteja sendo pesquisada. O problema é que as patentes foram requeridas sem o consentimento dos povos e sem uma necessária garantia de que as comunidades serão beneficiadas com as descobertas.

Para o deputado, é preciso que a proposta da lei, que já está na Casa Civil, seja enviada o quando antes ao Congresso Nacional para debate. "Se tivermos uma lei que cerque de cuidados o uso desses conhecimentos, tenho a convicção de iremos realizar uma revolução científica a partir dos recursos naturais da floresta amazônica", entende ele.

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