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Conheça o dicionário Noke Koi, projeto da UFG que traduz língua indígena de tribos do Acre

Jornal Opção - jornalopcao.com.br
Autor: Fabricio Vera
29 de Nov de 2022

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Iniciativa da professora Maria Suelí de Aguiar reúne décadas de trabalho com povos originários

Os Noke Koi, ou Catuquinas-Pano, são um grupo indígena que vive no oeste do Acre, próximo aos rios Gregório e Campinas, nos municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Traduzindo livremente, o nome dos povos significa "gente verdadeira" e sua divisão ocorre em diversos clãs pela região. Fora que também possuem uma língua própria que pertence à família linguística Páno.

Tal idioma foi estudado pela professora Maria Suelí de Aguiar, docente da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL-UFG). Ela compilou décadas de estudos no campo linguístico para produzir o dicionário bilíngue "Noke Koi-Português/Português-Noke Koi", em uma parceria com o Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR/UFG).

"Em 1984, iniciei uma pesquisa com os indígenas Noke Koi, conhecidos anteriormente por Katukina, quando estudava na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)", contou Aguiar, destacando que a instituição paulista tinha um Campus Avançado em Cruzeiro do Sul. "A pesquisa base que realizei no Projeto Rondon (iniciativa do Governo) foi voltada para a educação quando investiguei os materiais didáticos e processo de alfabetização naquela região. Depois dessa investigação, solicitei aos responsáveis pela equipe que me deixassem visitar estes indígenas", completou.

A professora descreve que quando chegou na aldeia, ela se sentiu muito acolhida pelos membros dela. "Algumas crianças me pegaram pela mão convidando para sair com elas. Quando via um macaco, elas diziam uma palavra na língua e apontavam para ele. Ao encontrar uma fruta, elas pegavam, comiam, me davam para comer e depois diziam o nome dela. Eu repetia e elas riam, dizia outra vez e continuavam rindo até a minha pronúncia se aproximar do aceitável", relatou a doutora em linguística.

Os Noke Koi, ou Catuquinas-Pano, são um grupo indígena que vive no oeste do Acre, próximo aos rios Gregório e Campinas, nos municípios de Tarauacá e Cruzeiro do Sul. Traduzindo livremente, o nome dos povos significa "gente verdadeira" e sua divisão ocorre em diversos clãs pela região. Fora que também possuem uma língua própria que pertence à família linguística Páno.

Tal idioma foi estudado pela professora Maria Suelí de Aguiar, docente da Faculdade de Letras da Universidade Federal de Goiás (FL-UFG). Ela compilou décadas de estudos no campo linguístico para produzir o dicionário bilíngue "Noke Koi-Português/Português-Noke Koi", em uma parceria com o Centro Integrado de Aprendizagem em Rede (CIAR/UFG).

"Em 1984, iniciei uma pesquisa com os indígenas Noke Koi, conhecidos anteriormente por Katukina, quando estudava na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)", contou Aguiar, destacando que a instituição paulista tinha um Campus Avançado em Cruzeiro do Sul. "A pesquisa base que realizei no Projeto Rondon (iniciativa do Governo) foi voltada para a educação quando investiguei os materiais didáticos e processo de alfabetização naquela região. Depois dessa investigação, solicitei aos responsáveis pela equipe que me deixassem visitar estes indígenas", completou.

A professora descreve que quando chegou na aldeia, ela se sentiu muito acolhida pelos membros dela. "Algumas crianças me pegaram pela mão convidando para sair com elas. Quando via um macaco, elas diziam uma palavra na língua e apontavam para ele. Ao encontrar uma fruta, elas pegavam, comiam, me davam para comer e depois diziam o nome dela. Eu repetia e elas riam, dizia outra vez e continuavam rindo até a minha pronúncia se aproximar do aceitável", relatou a doutora em linguística.

Dicionário

Após conhecer a tribo, Maria Suelí começou a ir para o Acre uma ou duas vezes por ano, ficando entre 15 a 40 dias. Lá gravava dados com pelo menos três indígenas falantes nativos, depois transcrevia, analisava e tirava dúvidas com alguns que entendiam melhor o português.

"Identifiquei o quadro fonético, a estrutura fonológica, morfológica, sintática e lexicográfica. Essas abordagens linguísticas se deram, em muitos casos, concomitantemente. Por exemplo, o dicionário foi sendo montado aos poucos porque subsidiava meus estudos, ou seja, foi sendo ampliado gradativamente para consulta durante as minhas análises. Assim, anotava em folhas separadas por ordem alfabética os itens lexicais para facilitar e dinamizar eu saber a tradução. Quando não encontrava o que precisava nas listas, eu acrescentava para depois completá-la", explicou a professora da UFG.

De acordo com a pesquisadora, a construção de um dicionário sobre uma língua indígena serve para promover e preservar essa língua e a cultura de seus falantes originários."Um dicionário é um instrumento cultural, político e linguístico muito poderoso para os falantes e usuários da língua contemplada. "Pois, através dele, o seu usuário acessa um depositário de dados da língua reunidos, classificados gramaticalmente, contextualizados em frases e promove outras ações como produção de material didático para alfabetização, leitura e outras atividades que fortalecem a cultura", justificou. Ela ainda acrescentou que a ação permite que a língua seja meticulosamente analisada, o que permite a oportunidade de tais povos estudarem a própria língua e se tornarem especialistas nela.

A especialista também destacou que a língua indígena se fortalece quando se estrutura um dicionário, já que é uma forma de materializar ela. "Sendo a língua um patrimônio imaterial, os livros didáticos, de cantos e outros produtos, os tornam um patrimônio materializado", contou. Ou seja, seria algo imensurável para a preservação da cultura dos povos originários.

Maria Suelí destaca que há uma carência de estudos de línguas indígenas no Brasil, principalmente sobre os povos originários. O que faz o dicionário Noke Koi ser um projeto pioneiro no quesito.

No momento, o dicionário foi publicado pelo CIAR da UFG no formato de e-book, elaborado para os indígenas, mas também deverá ser comercializado no futuro. De acordo com a professora, no momento, o projeto está buscando apoio financeiro para produzir a versão impressa e colorida para o comércio, além de poder incluir mais línguas (português, espanhol, inglês, italiano, francês, japonês e em ELiS).

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