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confusão ... e lamentos

Rondoniagora-Porto Velho-RO
09 de Abr de 2004

Pelo menos 30 corpos de garimpeiros já foram resgatados da área da reserva Roosevelt, ocupada pelos índios Cinta-Larga, no período de 99 a 2003, segundo dados levantados pelo delegado de Polícia Civil Raimundo Mendes, de Espigão do Oeste. Os dados da Polícia Civil conferem com informações prestadas por funcionários da Funai. A área da reserva Roosevelt, de 2 milhões e 700 mil hectares de terra, começou a ser invadida por garimpeiros oriundos de diversos estados, em 1999. Até 2001, a Funai já realizou pelo menos quatro grandes ações de extrusão. A maior, em janeiro desde ano, quando foram retirados cerca de 5 mil garimpeiros. A última chacina ocorrida no ano passado, na reserva Roosevelt, aconteceu no dia 20 de outubro de 2003. Um dos quatro sobreviventes era garimpeiro Antônio Ismério Martins, de 43 anos. Ele chegou a sofrer, dias depois, um atentado, em sua casa, na rua Martinho Lutero, 1.630, no bairro Vista Alegre, no município de Espigão do Oeste. Ele foi alvejado a tiros de chumbeira por dois homens que conseguiram fugir sem serem identificados. O delegado Raimundo Mendes informou à reportagem de que Ismério se encontrava em casa quando por volta das 21h15, duas pessoas o chamaram pelo apelido de Baixinho. Ao abrir a porta para atender os desconhecidos, foi alvejado com tiros de chumbeira de calibre 12, sendo atingido no braço e no tórax. Socorrido pela Polícia Militar ao hospital local, Ismério recebeu os primeiros atendimentos médicos. Depois, por apresentado quadro grave, foi transferido para a unidade mista de saúde de Pimenta Bueno e ainda no sábado, 8 , para Porto Velho ficando internado sob observação e rigoroso esquema de segurança. As polícias Civil e Militar desencadearam buscas durante a noite, mas não conseguiram localizar os suspeitos do atentado. As investigações prosseguiam ontem para esclarecer a autoria e os supostos mandantes da queima-de-arquivo.

SOBREVIVENTES

Ismério fazia parte do grupo de oito homens que adentrou clandestinamente a reserva Roosevelt, onde está localizada a maior jazida de diamantes do mundo, para garimpar. No dia 20 de outubro do ano passado, a metade o grupo foi executada a tiros de chumbeira 12, nas imediações do garimpo de diamantes que fica no rio Laje. Ismério foi entrevistado na véspera do atentado, em Espigão do Oeste, quando contou que viu tudo e como conseguiu fugir juntamente com Pedro Pires Cruz, Adovan Costa Brasil e Geraldo dos Santos, os outros três sobreviventes da chacina do dia 20 de outubro. Os quatro foram ouvidos na delegacia de Espigão quando disseram como seus colegas - identificados como Francisco da Silva Farias, de 44, natural do Maranhão, Ferber Marques, de 40, conhecido apelido de Paraná, natural do (PR), Evandro Oliveira Nunes, de 31, o Neguinho, nascido em Guajará-Mirim, e Minervan Alves Cavalcante, de 42, natural de Mato Grosso, vulgo Macarrão - foram assassinados a tiros de chumbeira de calibre 12.

ÍNDIOS

O garimpeiro Ismério é o mais contundente dos sobreviventes quanto à autoria da chacina. À reportagem da TV Norte (afiliada da Rede Record), ele disse em Espigão, bastante nervoso que um grupo de 16 índios guerreiros chegou ao acampamento em que ele e seus colegas se encontravam, e começaram a executar um a um dos garimpeiros.
Dentre os suspeitos, Ismério identificou alguns índios como Josimar Cinta-Larga, Joel Cinta-Larga, Celso Cinta-Larga, Itinha Cinta-Larga, Bush, filho do cacique Pio, e os irmãos do índio conhecido pelo apelido de Sapecado, outro cacique Cinta-Larga. "Eu reconheço esses índios como os matadores de meus colegas. Eles deveriam estar na cadeia", sugeriu. Com base nessas informações, o delegado Raimundo Mendes oficiou a Funai para apresentar os suspeitos para que eles fossem ouvidos acerca das acusações.

CORPOS

Dos cincos corpos resgatados da área da reserva Roosevelt, no município de Espigão do Oeste, à uma semana, um deles estava reduzido a ossada. Os restos mortais seriam do garimpeiro conhecido pelo apelido de Fininho, que estava desaparecido havia um mês.
Sobre o assassinato de Fininho, o delegado Raimundo Mendes ouviu duas testemunhas, Reginaldo Silva de Souza e João da Silva Lacerda. Eles informaram que o corpo achado na reserva indígena era mesmo de Fininho, assassinado, conforme afirmaram, por índios Cinta-Larga.

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