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Confronto e ameaça a missionários em Minas

CB, Brasil, p. 20
30 de Ago de 2005

Confronto e ameaça a missionários em Minas

Dois representantes do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) na região do Vale do Mucuri, em Minas Gerais, foram ameaçados de linchamento no domingo, no município de Santa Helena de Minas, a 669 quilômetros de Belo Horizonte. Ambos são acusados de incitar cerca de 150 índios maxacalis a invadir parte da fazenda Monte das Oliveiras, ocupada desde o dia 18. Os índios reivindicam a área, que é considerada por eles uma terra indígena.

Quatrocentas pessoas, arregimentadas por fazendeiros da região, cercaram e depredaram a residência dos missionários, o austríaco Markus Breuss, de 31 anos, e a brasileira Gilce Freire, de 44. A PM interferiu e os dois ficaram sob proteção policial na delegacia do município de Santa Helena. Cercados pelos manifestantes que ameaçavam invadir a delegacia, os representantes do Cimi foram levados para o município vizinho de Maxacalis.
O clima entre os índios e fazendeiros da região é tenso. Ontem, o 19o Batalhão da PM em Teófilo Otoni registrou confronto entre índios que estão acampados na fazenda Monte das Oliveiras e um grupo contrário à invasão. De acordo com a PM, uma pessoa ficou levemente ferida. "Os fazendeiros ameaçaram retirar os invasores à força", disse o capitão Gilson Alves Moraes, assessor de comunicação da PM.

As 35 famílias maxacalis montaram barracas de lona na entrada da propriedade e estavam armadas com facões, bordunas e flechas durante todo o dia de ontem. Elas cobram a demarcação área indígena pelo governo federal. Segundo os índios, a terra foi invadida há 50 anos por funcionários do antigo Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que antecedeu a Fundação Nacional do Índio (Funai) até o final dos anos 60.

Para o coordenador regional do Cimi, Sumário Santana, a intenção dos fazendeiros era expulsar os "aliados dos maxacalis" e promover uma ação direta contra os índios. Segundo a assessoria de imprensa do Cimi, por questão de segurança, os dois missionários serão retirados da região.

Uma equipe da Polícia Federal e o administrador regional da Funai em Governador Valadares, Waldemar Adilson Krenak, viajaram ontem para o local. "Estamos solicitando à Funai de Brasília que um grupo de trabalho faça um estudo dessas áreas todas para que possamos comprovar se realmente as terras são dos índios", disse Krenak.

A etnia tem pouco mais de mil pessoas que moram no nordeste de Minas. Em março deste ano, a Procuradoria da República em Minas Gerais encaminhou à Comissão Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA) denúncia na qual acusa o governo brasileiro de omissão em relação ao povo maxacali.

CB, 30/08/2005, Brasil, p. 20

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