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Conferência debate educação, autonomia e perfil do indigenista

Funai-Brasília-DF
31 de Mar de 2005

Representantes das etnias Kaiowá, Guarani, Nhandeva, Terena, Guató, Ofaié-Xavante e Kadiwéu, que participam da Conferência dos Povos Indígenas do Mato Grosso do Sul, realizada em Dourados até o dia sexta-feira (01/04) ouviram ontem palestras sobre educação, autonomia indígena e perfil do indigenista. As palestras antecedem o trabalho dos 12 grupos que irão formular as propostas para uma nova política indigenista a serem debatidas na Conferência Nacional dos Povos Indígenas, programada para abril de 2006.

A coordenação dos trabalhos de grupo está sendo feita por estudantes indígenas das universidades Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS) e da Grande Dourados (UNIGRAN). São 40 jovens universitários dos cursos de enfermagem, direito, ciências da computação e biológicas, turismo e letras, que se revezam nos debates e auxiliam os índios na condução dos assuntos e sinterização das propostas.

O estudante de enfermagem Elbelson de Oliveira considera o momento das discussões oportuno e que os povos do MS estão podendo colocar suas inúmeras dificuldades e problemas. "A partir daqui, podemos ter mais esperança de melhorar a condução do governo com relação às políticas para os povos indígenas. Temos problemas sérios que vão da discriminação dos habitantes não-índios ate questões fundiárias, de desnutrição de educação", concluiu o jovem.

Para Anastácio Terena, da Aldeinha, do núcleo urbano indígena em Campo Grande (MS) os jovens e adultos indígenas precisam de capacitação para poder concorrer em melhores condições com os brancos. "Eu consegui trabalhar dois anos em uma farmácia e desenvolvi o interesse pela enfermagem. Mas, a maioria não tem a mesma oportunidade e encontra muitas dificuldades", relata.

A indigenista da Funai na Coordenação de Educação, Helena De Biase lembrou aos presentes sobre a importância dos participantes refletirem sobre a educação que desejam as aldeias, a capacitação dos professores, a interferência que a educação formal pode causar um confronto com a educação tradicional das diferentes culturas indígenas. De Biase identificou algumas questões que a Funai, nesses anos que acompanha a educação indígena nos municípios e estados, se depara. " Fazemos um trabalho de muitos meses junto os professores indígenas e, às vezes, o município ou estado tem alguma mudança política que resulta em retrocessos inacreditáveis para a educação indígena da região", explicou a especialista em educação.

Na palestra sobre autonomia, o professor Antonio Brande, da Universidade Católica de Campo Grande, destacou que só foi possível para os índios falarem em autonomia após a Constituição de 1988, que os assegurou uma série de direitos. Lembrou também a procuradora Débora Duprat, quando diz que a autonomia dos povos indígenas não se esgota com o reconhecimento ou homologação das terras indígenas, mas que cada povo, comunidade e aldeia tem que pensar em como fazer para valer seus direitos. "Na década de 80 ainda se pensava que os índios iriam desaparecer. Hoje em 2006, não só não desapareceram como cresceram. Nesse processo foram obrigados a aceitar muita coisa.

Tiveram que aceitar nossa escola, nossa religião, nossa comida, nossa língua. À medida que os territórios foram encolhendo, vocês foram obrigados a aceitar. Mas Constituição garantiu-lhes o direito de ter sua própria organização, cultura, língua e credo", afirmou Brande.

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