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Compra de área deve ser concretizada

Diário de Cuiabá-MT
Autor: ROSI MEDEIROS
11 de Abr de 2002

Processo de aquisição de três fazendas na região Sul foi encaminhado ontem para o Incra, em Brasília

A principal arma usada pelos índios durante a negociação por uma área foi a interdição de rodovias no sul do Estado
Depois de mais de duas décadas de luta pela terra, os índios terenas - que vivem provisoriamente acampados na área Lagoa Azul, em Rondonópolis - finalmente receberam do Incra a notícia de que dentro de um mês as cerca de 70 famílias da etnia deverão ser assentadas em três fazendas no município de Guiratinga (334 quilômetros ao sul de Cuiabá). O processo de aquisição das fazendas foi encaminhado ontem para administração do Incra, em Brasília, para aprovação da compra.

O documento foi levado pelo superintendente substituto do Incra, João Batista Ferreira dos Santos, para ser analisado pelo Conselho Diretor do órgão. "Nós dissemos para ele que se o processo não fosse levado hoje (ontem), nós iríamos numa comissão para Brasília pressionar", disse por telefone o vice-cacique dos terenas, Cirênio Reginaldo. "Ainda estamos temerosos porque o processo ainda vai passar pela avaliação do Conselho. Mas nós tivemos a garantia da diretoria nacional do Incra de que saindo tudo certo daqui de Cuiabá, lá (em Brasília) seria aprovado", contou o cacique.

As três fazendas que serão compradas para assentamento dos índios são a Tarumã, Floriano e Vale do Areia que, juntas, totalizam cerca de 8 mil hectares. A área foi escolhida pelos indígenas, durante um acordo firmado com Incra e Funai, no dia 5 de outubro do ano passado. As fazendas foram colocadas à disposição para vistoria depois de um protesto em que os terenas bloquearam a rodovia BR-163 por três dias. Na manifestação sete profissionais da imprensa de Rondonópolis foram mantidos reféns por 48 horas.

As terras foram vistoriadas por uma comissão formada por técnicos do Incra, Funai e lideranças indígenas. De acordo com a assessoria de imprensa do Incra, como as fazendas são produtivas o órgão fica impedido de fazer a desapropriação. Por isso, a área será comprada e paga em dinheiro e Títulos da Dívida Agrária (TDAs).

FUTURO - As dificuldades enfrentadas hoje pelos cerca de 300 índios são muitas, segundo depoimento do vice-cacique Cirênio Reginaldo. "A situação é precária. Nós estamos morando debaixo de lona. Quando chove molha tudo. As crianças acabam adoecendo", contou.

A nova área que deve ser destinada aos índios foi aprovada pelos terenas por causa das condições favoráveis à agricultura. Além do cultivo de alimentos para subsistência, os índios querem também plantar grãos para comercialização, como soja e algodão. "A diretoria nacional do Incra nos deu esperança de que no dia 19 de abril vamos ter mais um motivo para comemorar", disse Reginaldo, falando da promessa de que até o Dia do Índio eles deverão estar assentados.

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