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Companheir@s

CIMI-Itabuna-BA
14 de Jul de 2003

Uma delegação dos Pataxó Hã-Hã-Hãe estiveram hoje a tarde reunidos com o Procurador da República em Ilhéus, Dro Danilo, onde prestaram denuncias sobre a situação que estão passando. Desde a retirada dos índios no dia 12/07/2003 que os fazendeiros e seus capangas vem provocando e ameaçando os índios. No dia 13/07 (Domingo) alguns fazendeiros fecharam duas ruas em Pau-Brasil e promoveram uma festa em comemoração a "vitória" deles. Os ditos trabalhadores que estão ocupando hoje as fazendas de onde os índios foram retirados são conhecidos pistoleiros da região, e andam fortemente armados e provocando e ameaçando os índios. Denunciaram também que estão impedidos de retirar das fazendas ocupadas o material escolar, as suas criações. Na fazenda Iracema as casas construídas pelos índios foram derrubadas e incendiadas. São constantes as provocações feitas pelos pistoleiros quando os índios passam pela estrada. As lideranças Pataxó pediram a Procuradoria que providencias sejam tomadas urgentemente, a fim de evitar, que as provocações se tornem atos concretos, já que os fazendeiros e seus capangas se sentem fortalecidos com a decisão da "Justiça de Ilhéus".

O Cimi Itabuna e a Pastoral da Criança da Diocese de Itabuna, estiveram presentes nestes últimos dias na aldeia e presenciaram uma situação de extrema revolta e indignação, a começar pela retirada dos índios no último dia 12/07. Famílias indígenas humilhadas, tendo que sair das terras que lhe pertencem, abandonando suas plantações e seus sonhos, tendo que ficar em baixo de plásticos, muitas crianças já se estão ficando doentes devido ao frio e fome.

Dona Lizinha (75 anos) tronco velho. principal resistência na área denominada Iracema, acaba de ser internada no hospital de Pau-Brasil, segundo informações de lideranças Pataxó Hã-Hã-Hãe sua internação é conseqüência da pressão, da humilhação e ameaças que a mesma sofreu nestes últimos dias, tendo que ver seus irmãos (as), filhos(as), netos(as),
bisnetos(as) na situação de humilhação e revolta que estão vivendo.

Para o Cimi é insurpótavel a situação em que vivem hoje os Pataxó Hã-Hã-Hãe, não se justifica mais o não julgamento da Ação de Nulidade de Títulos que se encontra no Supremo Tribunal Federal a mais de 21 anos, causando todo este estado de violência contra a comunidade indígena. É revoltante, repugnante ver de uma lado a morosidade no julgamento desta Ação que poderia por fim a este estado de conflito vivido a tanto tempo na região e do outro lado a agilidade e a presteza em se cumprir ações que vão de encontro aos direitos dos Pataxó Hã-Hã-Hãe.

O sofrimento de Dona Lizinha, é o sofrimento de todos (as) aqueles que se revoltam diante da injustiça e acreditam que uma nova sociedade é possível.

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