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Comissao derrota baleeiros

JB, Internacional, p.A12
22 de Jul de 2004

Comissão derrota baleeiros

SORRENTO, Itália - A Comissão Internacional da Baleia (CBI) concordou ontem em prorrogar por uma década as normas de proteção vigentes no santuário de cetáceos da Antártida, mas rejeitou, pela quarta vez, a proposta do Brasil e Argentina de criar reserva igual no Atlântico Sul. Também aprovou, por 29 votos a 22, resolução para adoção de métodos menos dolorosos para abate de baleias com fins científicos.
''Os atuais não garantem a morte do animal sem dor, tensão ou sofrimento'', diz o texto. A medida exigirá a implantação de novos padrões de pesca que reduzam o tempo de sobrevida dos mamíferos após serem atingidos pelo arpão. Conservacionistas dizem que entre o ferimento e a morte geralmente se passam dois minutos, mas muitos cetáceos vivem por horas.
- Esta é uma vitória real para o bem-estar das baleias - comemorou Peter Davies, da Whalewatch, uma coalizão de ONGs antibaleeiras.
A CBI definiu as regras na terceira rodada de sua reunião anual, que termina amanhã. Além do santuário do Atlântico Sul, a comissão também rejeitou o projeto da área protegida no Pacífico Sul apresentado por Austrália e Nova Zelândia. A oposição feita pelo bloco baleeiro - liderado por Japão, Noruega e Islândia - impediu que a proposta recebesse os 75% de votos dos 57 membros, necessários para sua aprovação.
Mas com o apoio de 30 dos 57 países membros, a Comissão decidiu manter o status quo no santuário da Antártida, estabelecido em 1994 como uma das maiores áreas protegidas, para garantir a sobrevivência de espécies como a baleia azul, a baleia franca austral e o cachalote. O projeto do santuário no Atlântico Sul não foi aprovado por não obter apoio de 75% dos países. Este ano, a moção foi defendida até pelo presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula de Silva, que às vésperas da votação enviou carta aos membros da CIB, pedindo apoio. A delegação brasileira já esperava que a proposta não passasse, mas continua se esforçando para a aprovação futura.
Os membros da comissão também decidiram adiar para o ano que vem a revisão do esquema de gestão do organismo, um ponto considerado ''delicado'' pelos grupos ecologistas, já que inclui o regulamento sobre os tipos de redes regulamentares e as quotas nos programas de ''caça científica''.
Desde 1986, ano em que entrou em vigor a moratória sobre o caça dos grandes cetáceos, o Japão tem defendido o argumento da ''pesquisa científica'' para pescar mais de 8 mil baleias, entre elas espécies em perigo de extinção.

JB, 22/07/2004, p.A12

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