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Comissão da AL se engaja em favor dos índios

Diário de Cuiabá-MT
06 de Mar de 2002

A causa indígena ganhou novo reforço simbólico ontem ao ser discutida por entidades governamentais e não governamentais em audiência pública na Assembléia Legislativa. A idéia central da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Casa é aproveitar a campanha da Fraternidade promovida pela Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), para reforçar a discussão popular de um assunto que tem pouca adesão por estar relacionado às minorias, segundo o deputado estadual do PT, Gilney Viana.

Como aproveitar na prática a iniciativa da igreja que usa como metodologia a conscientização pela discussão? O presidente da CDH, Gilney Viana, declarou que uma das maneiras é levar a campanha para Assembléia, pois o tema seria comumente debatido em sociedade de forma tendenciosa. "Geralmente se faz uma avaliação muito negativa das minorias indígenas em relação ao 'branco', e como o direito das minorias também é defendido por minorias intelectuais orgânicas, resolvemos convidar membros desses órgãos e entidades para fazer uma celebração, dar um reforço ao tema", disse.

As mazelas por quais passaram os povos indígenas, as dificuldades atuais, e os compromissos que as entidades convidadas declaram ter com os grupos foram lembradas e reafirmadas. Segundo o coordenador da campanha da Fraternidade em Mato Grosso, Pepeu Garcia, a principal função do trabalho desenvolvido pela Igreja é o de incentivar a fraternidade com a disseminação de informações. "Tanto em Mato Grosso como em outros lugares temos percebido que a questão indígena não faz parte da vida dos outros. Lembrar que eles podem ter sido 6, 5, ou 1,8 milhão há 500 anos e hoje são apenas 550 mil, e que 200 mil deles não vivem em território próprio e estão aglomerados em periferias é um argumento para mobilizar e levar o outro a exigir, se engajar na causa", afirmou.

Garcia lembrou que apesar de ter demorado quatro séculos, a Igreja entendeu que o índio vivencia uma realidade diferente da do branco e citou um exemplo preponderante para ressaltar essa diferença. "Quando o índio fala em terra, não fala de um bem econômico, material. Para ele terra é vida e não se vende. Nós já pensamos em lucro, na terra como um bem para gerar riquezas materiais", lembrou.

Representantes da Secretaria de Educação do Estado e do Município, membros da Fundação Nacional do Índio (Funai), do escritório de Cuiabá, integrantes da Federação Indígena e de outras entidades também compareceram à audiência e todos foram unanimes em dizer que as condições dos índios em Mato Grosso não são as piores do país.

Dos cerca de 25 mil índios das 38 etnias que vivem no Estado, 6 mil estão matriculados no ensino fundamental e médio da rede pública e 200 na faculdade, segundo dados da Seduc. Quanto ao número de áreas demarcadas, hoje representariam 13% do Estado com 58 unidades.

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