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Comeca a retirada de familias de area de risco

OESP, Cidades, p.C7
26 de Fev de 2005

Começa a retirada de famílias de área de risco Prefeitura quer remover comunidade que vive em área de manancial às margens de rio no extremo sul da cidade
Gilberto Amendola
A Prefeitura iniciou ontem o processo de retirada das 21 famílias que vivem às margens do Rio Caulim, que abastece a Represa de Guarapiranga, em Parelheiros, extremo sul de São Paulo. Além da justificativa ambiental, a área também é considerada de alto risco. Há duas semanas, um deslizamento de terra teria deixado a situação local ainda mais perigosa.
No entanto, a comunidade criticou a medida. "Estamos aqui há mais de 15 anos. Compramos nossas casinhas e agora vamos para onde?", indagava a moradora Sirlene Aparecida Samora, de 28 anos. "Se a gente sair, outros vão invadir", disse Olavo do Couto Matoso, de 36 anos. "O justo é pagarem uma indenização", completou Raimundo de Lima, de 48.
No telhado de uma das casas, o secretário do Verde e Meio Ambiente, Eduardo Jorge, e o subprefeito de Parelheiros, Walter Tesch, tentavam convencer os moradores sobre a remoção. "Ele (o subprefeito) disse que a gente é responsável pela poluição. Disse que a água é suja. Conversa fiada, eu pesco na represa. Olha os meus peixes aqui", exibiu Edmilson Barbosa da Silva, de 46 anos.
O secretário também argumentou que aquelas casas foram construídas de forma ilegal. Ao ouvir isso, o desempregado Ailton Ramos, de 26 anos, ressaltou que os lotes foram vendidos por um deputado estadual, mas não revelou o nome do político. A denúncia será investigada pelo subprefeito. "Não vai ter vereador nem deputado para garantir a permanência de comunidades em áreas de mananciais", afirmou Jorge.
Segundo os moradores, a comunidade vivia em paz até a construção, há 4 anos e 8 meses, na gestão Celso Pitta, da Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Recanto Campo Belo. Para eles, a instituição, que fica em uma área acima de algumas casas, é a responsável pelos seguidos deslizamentos de terra. "Isso não tem nada a ver. O problema é que muitos moradores ficam removendo terra. Esse é o perigo", rebateu o arquiteto da subprefeitura, Luiz Felipe de Moraes Neto.
Metade das famílias foi convencida a deixar o local ontem e seguiu para um abrigo da Prefeitura. "Não teve outro jeito", disse Claudinete Suzano dos Santos. Quem decidiu ficar também se justificou. "Nunca vi Deus andando pela rua. Também não conheço político honesto. Não vou sair e pronto. Nunca tivemos um acidente sério aqui. Eles querem é limpar essa área para construir o Rodoanel", afirmou Genival Gonçalves Carvalho, de 38 anos. A subprefeitura garantiu que todos os moradores serão notificados e terão de deixar o local até o fim da próxima semana.
OESP, 26/02/2005, p.C7

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