O Globo, Ciência e Vida, p. 32
27 de Jul de 2004
Começa hoje conferência da Amazônia
Em meio à polêmica sobre o papel das queimadas amazônicas nas emissões de gases que contribuem para o efeito estufa, começa hoje, em Brasília, a III Conferência Científica do LBA - o Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia. O evento, a ser aberto pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, reunirá mais de 800 cientistas de todo o mundo.
O LBA é considerado o maior projeto de cooperação científica do mundo na área ambiental por envolver mais de mil especialistas de instituições brasileiras e internacionais em torno de um único tema: a Amazônia. Durante a reunião que termina depois de amanhã estão previstas as apresentações de centenas de estudos novos que buscam entender o funcionamento da floresta e a influência da ação humana sobre a sua dinâmica. Temas como ciclo de carbono, nutrientes, regime de chuvas, mudanças de uso do solo, dentre outros, estão na pauta de discussões.
Queimadas no centro de polêmica internacional
A reunião começa em meio a controvérsias. Enquanto o governo adia a divulgação dos números oficiais das emissões brasileiras de gases que contribuem para o aquecimento global - sobretudo o CO2 -, estudos indicam que as queimadas na Amazônia seriam responsáveis pelo lançamento anual de 0,2 bilhão de toneladas de carbono na atmosfera.
Somando-se esse valor ao de CO2 emitido na queima de combustível fóssil, chega-se a um total de 0,55 bilhão de toneladas, o que colocaria o Brasil entre os dez maiores emissores de dióxido de carbono do planeta, ao lado de grandes poluidores como Estados Unidos, China, Rússia e Japão, entre outros.
Botando ainda mais lenha na fogueira, a revista britânica "The Economist" defendeu, em editorial publicado em sua última edição, que os países ricos devem pagar a conta da conservação da Floresta Amazônica já que calcaram seu desenvolvimento na destruição de suas próprias matas.
Especialistas da Nasa e do Instituto Max Plank, da Alemanha, estão entre as atrações do evento, ao lado de cientistas da Embrapa, da Unicamp, do Inpe e da UFRJ.
O Globo, 27/07/2004, Ciência e Vida, p.32
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