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Combustível limpo que polui

O Globo, Economia, p. 22
10 de Jul de 2007

Combustível limpo que polui
Fábrica de biodiesel no Ceará é multada em R$ 300 mil

Nem sempre o biodiesel é um combustível limpo, como propagado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em Crateús, município que fica a 354 quilômetros de Fortaleza, a usina Brasil Ecodiesel foi multada em R$ 300 mil pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), no mês passado, por ter poluído o Rio Poti. A fábrica, inaugurada em janeiro pelo presidente Lula, tem capacidade para produzir 118 milhões de litros por ano de biodiesel e funciona às margens do Poti.

Com orientação de técnicos da Semace e da Petrobras, a Brasil Ecodiesel se prepara agora para realizar um trabalho de limpeza do rio. O Poti é federalizado porque corta dois estados, Ceará e Piauí.

A poluição é anterior ao funcionamento da usina. Mas teria se agravado após a entrada em operação da unidade esmagadora de mamona.

A Semace constatou a piora na qualidade da água por meio de análise de amostras coletadas em 13 diferentes pontos. O órgão também identificou e multou outros dois agentes poluidores: a Companhia de Água e Esgoto do Ceará (R$ 50 mil) e um posto de gasolina (R$ 5 mil). Mas a Semace garante não ter dúvidas de que a fábrica de biodiesel é a maior responsável pelo aumento da poluição.

A empresa contesta e recorreu da multa com base num estudo encomendado ao professor Raimundo Nonato, PhD da Universidade Federal do Ceará, que comprovaria que a usina não é responsável pela atual contaminação do Rio Poti. A Semace exigiu uma auditoria, e a licença ambiental da usina, hoje em fase de renovação, só será concedida quando o problema for sanado.

Desde maio, a unidade esmagadora da Brasil Ecodiesel em Crateús está desativada, segundo a empresa, devido a uma decisão estratégica. Este mês, uma liminar da 1ª Vara da Comarca de Crateús determinou a suspensão temporária das atividades de esmagamento da usina, que vai recorrer da decisão.

Há dois meses, um forte odor exalou das águas do Poti, e a população foi surpreendida por uma grande mortandade de peixes. Quem mora mais perto do rio queixou-se de irritação nas narinas e até de coceira na pele. A fábrica passou a ser alvo de protestos liderados pelo padre da cidade, Davi Silva. (Isabela Martin)

O Globo, 10/07/2007, Economia, p. 22

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