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Com poucos negros, racismo acreano recai sobre índios

A Tribuna-Rio Branco-AC
21 de Nov de 2002

Os debates sobre racismo no Acre deveriam ter outra vertente, segundo sugere a historiadora Maria José Bezerra, da Universidade Federal do Acre (Ufac). Para ela, o preconceito contra o índio é muito pior que o contra o negro, que compõe uma ínfima parcela da população - de acordo com o IBGE, os acreanos declaradamente negros somam pouco mais de 2% dos moradores do Estado.

Essa situação diferenciada gerou uma das primeiras ações de indenização por crime de racismo na região. No começo do ano, o juiz Jair Facundes condenou a jornalista Beth Passos a indenizar índios por publicar em jornal notas de conteúdo supostamente preconceituoso. "O índio sofre todos os estigmas do negro, acrescentando-se o de que ele é preguiçoso. O negro, segundo esses estigmas, pelo menos trabalha", explica Maria José, mais importante ícone do antigo movimento negro no Acre.

O superintendente da Fundação Nacional do Índio (Funai), Antonio Pereira Neto, diz que transformações vêm ocorrendo na sociedade e o preconceito está se reduzindo. Citou a expressiva votação de Siã Kaxinawá, cacique candidato a deputado que conseguiu votos em municípios onde não existem tribos indígenas. "Na verdade, o preconceito é fruto da falta de informação", resumiu Pereira Neto.

ESCRAVOS
A presença dos negros no Acre não é significativa porque não ocorreu presença de escravos no Estado. Em Rondônia, Estado vizinho, há grande participação de negros no desenvolvimento cultural e sócioeconômico da região e até hoje existem quilombolas, comunidades implantadas a partir de escravos. O rio Guaporé abriga grande parte desses quilombolas. No Acre, ocorreram mestiçagens entre brancos e índios ou negros, formando a cor parda, predominante na região.

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