Cimi-Brasília-DF
Autor: Cristiano Navarro
16 de Abr de 2004
Nem frio, nem calor. A madrugada de hoje registrou por volta de 18o na Capital Federal. Porém as sensações térmicas são muito relativas, quando são reunidas lideranças indígenas dos quatro extremos do Brasil. De Pernambuco ao Acre, de Roraima ao Rio Grande do Sul, o Brasil indígena se encontra no Acampamento "TERRA LIVRE!".
Depois de uma noite de chuva sem muitos transtornos, o acampamento "Terra Livre!" amanheceu seu segundo dia fortalecido com a chegada de novas caravanas e com a expectativa da visita, no período da tarde, de um histórico apoiador da luta do movimento indígena, o presidente da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Dom Tomás Balduíno.
No momento os acampados já ultrapassam o número de 100. Novas delegações de estados do Nordeste e Centro-Oeste devem chegar até ao fim do dia de hoje. A previsão dos coordenadores do acampamento é que o número atual dobre até segunda-feira, 19, data de comemoração do Dia do Índio que contará com ato oficial na Câmara do Deputados.
Tendo a homologação da Raposa Serra do Sol como puxador da mobilização, o principal eixo de articulação de tão diferentes realidades é a questão fundiária. Desintrusão, proteção do território, processos de demarcação e homologação unem os indígenas neste momento em que seus direitos constitucionais são ameaçados por uma frente antiindígena formada por parlamentares de todos os partidos.
A visita de Dom Tomás Balduíno ao acampamento "Terra Livre!" está prevista para as três da tarde de hoje. Além da visita, Dom Tomás dará entrevista coletiva à imprensa na tenda de reuniões do próprio acampamento.
Ao ver a grande mobilização para homologação de sua terra, Júlio Macuxi do Conselho Indígena de Roraima (CIR), se diz emocionado com o apoio dos "parentes" (maneira como se tratam os índios de diferentes povos) e aliados da causa no Brasil e no exterior. "Estou feliz em perceber que tantos parentes tenham compreendido a importância da homologação da terra indígena Raposa Serra do Sol como símbolo de luta dos povos indígenas no Brasil", conclui Júlio.
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