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Com etanol, País pode ser modelo, diz WWF

OESP, Vida, p. A14
06 de Abr de 2007

Com etanol, País pode ser modelo, diz WWF
ONG aproveita divulgação do IPCC para fazer alerta sobre a Amazônia

Andrei Netto

O sucesso do Brasil na produção do etanol determinará o futuro dos combustíveis no planeta. Por extensão, o País pode vir a ter influência decisiva no progressivo controle da maior vilã do aquecimento global, a queima de combustíveis fósseis. As convicções foram reveladas ao Estado, na manhã de ontem, em Bruxelas (Bélgica), pelo diretor do Programa de Alterações Climáticas da organização não-governamental WWF, Hans Verolme, cujo otimismo em relação ao Brasil só cede lugar a um temor de igual proporção: descontrolada, a produção de cana-de-açúcar pode acelerar a invasão e o desmatamento da Amazônia.

As avaliações foram feitas por Verolme após a divulgação pela WWF de um documento com dez ecossistemas ameaçados.

O evento foi realizado no Residence Palace, centro de imprensa situado à frente do Centro Carlos Magno, onde se realiza desde segunda-feira a reunião do Grupo de Trabalho II do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre a Evolução do Clima (IPCC), cujo relatório, elaborado por 2,5 mil pesquisadores, apontará hoje os potenciais efeitos do aquecimento global entre 1,8o C e 4o C até 2100.

Para Verolme, uma das chaves para frear o aquecimento global - além da redução das emissões de gases de efeito estufa - é discutir o modo de desenvolvimento a ser adotado pelas potências emergentes, entre as quais a China, a Índia e o Brasil. "Precisamos de respostas políticas firmes, com abertura de negociações entre países desenvolvidos e transferência de tecnologia às nações em desenvolvimento", diz.

EXEMPLO INTERNACIONAL

Verolme crê que a produção de biocombustíveis liderada pelo Brasil, agora em parceria com os Estados Unidos, pode representar uma alternativa sustentável aos derivados do petróleo, cuja queima é responsável por cerca de 80% do CO2, que causa o aquecimento do global. "Se o Brasil conseguir manter o crescimento de sua economia investindo em energias seguras, passará a exemplo internacional. O futuro das usinas de combustíveis brasileiras determinará o futuro dos combustíveis no mundo."

Por outro lado, o País terá de lidar com o risco advindo da tecnologia. "A questão é: qual será o impacto da produção de álcool na Amazônia? Nossa preocupação é se a produção de cana-de-açúcar pode, por exemplo, avançar pela região de floresta e resultar em mais desmatamento", completou.

De acordo com a WWF, no ano 2050 a temperatura média na Amazônia será entre 2o C e 3o C mais elevada. Em razão da elevação da temperatura média, o período de chuvas se reduzirá drasticamente, causando secas anormais para a região. Caso a previsão se concretize, entre 30% e 60% da floresta tal como conhecida hoje se transformará em uma savana - à semelhança do cerrado brasileiro.

OESP, 06/04/2007, Vida, p. A14

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