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Colonos prometem brigar por suas terras na questão da área indígena

Folha do Progresso-Novo Progresso-PA
15 de Set de 2003

O anuncio da chegada de Policiais Federais, chefiados pelo Delegado Dr. Roger Cardoso juntamente com Procurador Federal da Funai Dr. César A. do Nascimento, em Novo Progresso preocupou com toda a razão a população de todos na região. Volta à tona a já bem conhecida questão enfrentada pelo município na luta contra a ampliação da Reserva Indígena do Baú até a divisa com o município de Altamira.
Ao contrário do que muitos pensam, essa divisa não seria o rio Curuá. Ela vêm dezenas de quilômetros pra cá desse rio. Ou seja, na verdade, dentro do município progressense não existe nem projeto de reserva indígena, mas são os produtores rurais, sitiantes e fazendeiros que moram naquela gleba próxima ao curuá, que têm suas propriedades dentro do municipio de Altamira, e neste município sim, existe o projeto de ampliação da reserva do baú até a divisa.
Desde 1989, quando Novo Progresso ainda era só uma comunidade, o governo federal, através da Funai vêm tentando expandir essa reserva, sem sucesso até o momento porque logo o município foi criado, a população aumentou bastante, a gleba envolvida foi bastante colonizada e as autoridades locais têm travado uma verdadeira "queda de braço" com a Funai e Ministério da Justiça. Entre uma liminar e outra, estamos sempre na expectativa a cada mudança de Ministério, já foram várias desde o início da questão. Um ministro manda demarcar, o município consegue prorrogar nos tribunais, mas solução definitiva nunca tivemos.
Essa equipe de PF e outras autoridades que chegaram em Novo Progresso no dia 03 de agosto último passado trazem ordens de iniciar a demarcação da ampliação da reserva até a divisa. Participaram na parte da manhã do mesmo dia de uma reunião com vereadores, sindicalistas, líderes comunitários e de associações e muitos dos proprietários de terras na Gleba que poderá ficar dentro da reserva se as ordens forem cumpridas. Enfrentaram um clima tenso, onde um município inteiro é absolutamente contrário a demarcação, devido as perdas econômicas e ao impacto negativo que poderá representar um retrocesso no crescimento do município. "Somos mais de 30.000 pessoas dispostas a morrer para impedir esse absurdo" disse um dos presentes na reunião, sendo muito aplaudido pela assistência que lotou o plenário da Câmara de Vereadores da cidade, em sinal claro de aprovação e concordância. "Não desejamos um derramamento de sangue, nem de vocês, nem dos índios" disse o procurador, mas viemos com esse objetivo. As autoridades deram um prazo de 48 horas para as lideranças municipais conseguirem novamente um cancelamento da ordem de demarcação.
Os deputados estaduais e federais e outros políticos com representantes políticos em Novo Progresso foram acionados no mesmo dia 03 para agirem em Brasília junto ao Ministério da Justiça para impedir a execução da ordem. Uma comissão formada por fazendeiros, políticos, empresários e lideres locais estão hoje em Brasília tentando pressionar o governo, e mostrar a tragédia de repercussão internacional que está prestes a acontecer no município caso os fazendeiros percam mesmo suas terras para a reserva indígena.

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