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CNBB pede revisão de obras do PAC

O Globo, O País, p. 8
03 de Abr de 2008

CNBB pede revisão de obras do PAC
Documento da entidade diz que programa pode prejudicar o ambiente

Adauri Antunes Barbosa
Enviado especial

Menina dos olhos do presidente Lula, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) deve ser revisto para que o meio ambiente seja preservado. A crítica consta de documento apresentado ontem na análise de conjuntura discutida pela 46o Assembléia Geral dos Bispos do Brasil (CNBB), realizada em Itaici, localidade de Indaiatuba (SP), a cerca de 120 quilômetros da capital paulista.

O documento afirma que Lula tem cumprido as suas prioridades na economia utilizando o modelo "produtivista", que requer muitos investimentos na geração de energia elétrica, mas isso tem provocado sérios prejuízos ambientais:
"Se desejamos preservar o meio ambiente para as gerações vindouras, temos que rever o modelo desenvolvimentista do PAC", afirma o documento, que não é oficial da CNBB, mas todo ano é discutido pelos bispos durante a assembléia geral.

Segundo a análise, o governo tem cumprido as suas prioridades, que são o controle da inflação "às custas de juros nas alturas", a volta do crescimento econômico de forma continuada e a redução do número de brasileiros abaixo da linha de miséria.

Analisando a atuação dos movimentos sociais no Brasil, o documento da CNBB faz nova crítica ao PAC e chama a atenção para a pouca mobilização popular, se comparado a outros países latino-americanos. E afirma que o PAC pode acelerar as invasões a terras de povos indígenas: "A ênfase do governo federal na execução do PAC, sem o necessário cuidado com as questões ambientais e com as populações tradicionais, traz o risco de intensificação de invasões comandadas até mesmo por empresas do agronegócio e de mineração", diz o texto.

Dom Angélico Bernardino, bispo de Blumenau (SC), que também participou da coletiva, elogiou o PAC:
- Bem-vindo seja o PAC, sim! Mas não tenho ilusões porque, sempre que se tenta fazer reformas profundas, há resistência das classes dominantes. Eu vim de antes de 1964, e vi que as reformas de base foram impedidas pela coligação das elites, que desembocou no golpe de 64.

O presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio, arcebispo de Mariana (MG), não quis avaliar se Lula faz campanha quando viaja para lançar o PAC.

- Isso aí é muito difícil de avaliar. Tudo que o governante fizer vai ser interpretado que isso vai ter dividendos eleitorais, ou não. Quer dizer, o que faz ou deixa de fazer sempre influencia, é claro, na votação. Agora, qualificar cada coisa como se fosse campanha eleitoral acho que compete mais ao Tribunal (Eleitoral) do que à CNBB.

O Globo, 03/04/2008, O País, p. 8

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