VOLTAR

Clima continua tenso em Uiramutã

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
04 de Ago de 2001

A situação no município de Uiramutã ficou ainda mais tensa ontem. O clima de tensão começou depois que cerca de 13 garimpeiros foram seqüestrados na maloca Wilimon, na quinta-feira. A Polícia Federal (PF) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) foram informados sobre o caso e se deslocarem até a região para negociar a libertação dos garimpeiros. Mas até o início da noite de ontem todos eles continuavam detidos pelos indígenas.Os representantes da Funai chegaram em Uiramutã ainda pela manhã, mas não conseguiram libertar os garimpeiros e ainda foram impedidos de deixar o município porque moradores cercaram o avião, impedindo que decolasse. A intenção da população era conseguir uma solução imediata para o impasse. A equipe da PF tentou se deslocar para o município de carro, no início da manhã, mas não conseguiu chegar até seu destino. Um desvio do rio Surumu, onde há uma ponte em construção e está com a água transbordando, impediu a passagem de automóveis.Por volta das 16h30 o delegado André Gonçalves viajou para o município na intenção de libertar os garimpeiros. Conforme informações de moradores de Uiramutã, só por volta das 20h30 é que a população deixou a pista de pouso a pedido da PM.O piloto do avião e um funcionário da Funai foram levados para o posto da PM. Os moradores também foram para frente do posto onde deveriam ficar por lá até que o delegado André e os demais funcionários da Funai retornassem da aldeia com os garimpeiros. SEGUNDA VEZEssa foi a segunda vez, só esta semana, que garimpeiros foram detidos por indígenas daquela comunidade. A primeira aconteceu na segunda-feira quando quatro homens tentaram passar por dentro da aldeia indígena em direção à Republica Federativa da Guiana.Segundo a Assessoria de Comunicação do Conselho Indígena de Roraima (CIR), a atitude dos índios do Wilimon é amparada por lei para resguardar a área que é demarcada e não pode ser invadida. O assessor de imprensa André Vasconcelos disse ainda que o CIR responsabiliza o Ministério da Justiça e da Defesa pela situação que se encontra na região."Existe em Uiramutã um clima propenso ao conflito em função da construção do pelotão (6o Pelotão Especial de Fronteira). O conflito iniciou pelo Exército, que começou a construir sem consultar as comunidades indígenas", explicou. EXÉRCITOO comandante do 7o Batalhão de Infantaria e Selva, coronel Eliéser Girão Monteiro, negou ontem que exista alguma intenção do Exército de entrar na área indígena para resgatar os garimpeiros que se encontram numa maloca, a quatro quilômetros da área onde está sendo construído o pelotão."Essa questão atinge órgãos como Funai e Polícia Federal e nada têm a ver com o Exército", disse o comandante. Sobre o clima de tensão que pode estar acontecendo em Uiramutã, coronel Monteiro afirmou que "esse clima está sendo criado apenas pelas comunidades que recebem orientação do CIR".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.