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Ciro ataca politicos nordestinos e sugere que bispo foi iludido

OESP, Nacional, p.A21
08 de Out de 2005

Ciro ataca políticos nordestinos e sugere que bispo foi iludido
Para ministro, alguém mostrou a d. Luís Cappio, que fez greve de fome contra a transposição, uma versão falsa do projeto
Gilse Guedes
Com o fim da greve de fome do bispo de Barra (BA), d. Luís Flávio Cappio, o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, voltou-se ontem contra políticos que se opõem à obra de transposição do Rio São Francisco definindo-os como "algozes" da população e vinculados às oligarquias nordestinas. Para ele, as críticas ao projeto se devem, em parte, à preocupação da oposição de que a obra possa ser explorada numa eventual campanha pela reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No Congresso, são críticos do projeto os senadores Antonio Carlos Magalhães e César Borges, ambos do PFL da Bahia.
"Qual é nossa sensação? De que nosso projeto não está conhecido. Porque na carta (enviada por d. Luís durante a greve de fome), o bispo diz: 'o projeto é para beneficiar grandes empreendedores, porque 70% da água dele é para isso, como está escrito no projeto'. Alguém mostrou para o bispo, que é um homem honesto e de boa-fé, um projeto falso", acusou Ciro.
O ministro citou o governador de Sergipe, João Alves (PFL), entre os opositores da obra, classificando de "neoambientalista". Para ele, o debate em torno do projeto está sendo contaminado pela perspectiva da disputa eleitoral de 2006, mas garantiu que o governo vai dar um prazo para o fim dos debates para iniciar a obra, possivelmente em novembro. A obra de transposição, cujo custo é de R$ 4,5 bilhões, terá duração de 24 meses. Na contagem regressiva para o fim do governo Lula, sobram apenas 14 meses.
Ele ressalvou que suas críticas não são dirigidas ao bispo, que pertenceria ao grupo dos "bem-intencionados", e garantiu que o governo só dará início às obras de transposição depois de esgotado o diálogo com a sociedade civil. Segundo Ciro, o projeto pode até mesmo ser alterado como forma de conquistar apoio, mas avisou que a unanimidade em torno da obra não é objetivo do governo.
Ciro manifestou sua irritação e contrariedade com as críticas que vem sendo feitas. "Eu preciso desesperadamente que a crítica se qualifique." Para ele, é preciso que os opositores do projeto entendam que é vital resolver o problema da falta de acesso à água de 12 milhões de pessoas, número de habitantes do semi-árido que o governo espera beneficiar com a conclusão da obra.
Para contestar o argumento de que o governo se esquivou de debater detalhadamente o projeto, o ministro listou as várias convocações para realização de audiências públicas nos Estados, muitas delas suspensas por decisões judiciais.
Na tentativa de vencer as resistências, Ciro deu uma espécie de aula aos jornalistas na entrevista coletiva convocada para falar do assunto.
Segundo ele, serão captados 26 metros cúbicos por segundo do rio para abastecer a população do semi-árido. Esse volume de água, disse, é apenas para uso direto da população, não sendo permitida a utilização para projetos de empresas e programas de irrigação.
Ciro Gomes listou vários dados para mostrar que a obra não vai afetar o São Francisco. De acordo com ele, os 26 metros cúbicos representam apenas 1,4% da vazão mínima do rio, de 1.850 metros cúbicos por segundo.
No plano, que ainda não está concluído, estão previstos a reposição das matas ao longo do rio e o abastecimento de água de cidades da ribeira do São Francisco.

OESP, 08/10/2005, p. A21

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