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CIR critica operação na fronteira

Folha de Boa Vista-RR
Autor: ALEXSANDRA SAMPAIO
25 de Abr de 2002

A operação militar que será realizada pelo Exército na fronteira com a Venezuela e a Guiana, a partir da próxima segunda-feira, está sendo alvo de críticas feitas por uma das maiores entidades indígenas do Estado. Na área que será visitada pelo Exército existem aproximadamente 60 aldeias indígenas.
Para o vice-coordenador do CIR (Conselho Indígena de Roraima), Norberto Cruz da Silva, a preocupação dos militares com a proteção da fronteira está ocorrendo muito tarde. "Além disso, os militares têm coisas mais importantes para se fazer como contribuir para a retirada de garimpeiros de dentro das áreas indígenas".
"Parece que o Exército age como se os índios fossem inimigos. Quem sempre cuidou das fronteiras do país foram os indígenas, e agora o Exército nos trata como se cuidássemos de nossas terras", complementou o líder indígena ao acrescentar que essa operação também pode causar constrangimento para os índios que serão pegos de surpresa por militares enquanto estiverem caçando, pescando e até realizando seus festejos.
"Nossos parentes podem ficar constrangidos em transitar com a presença dos militares", complementou. A operação do Exército irá culminar com a inauguração do 6o Pelotão Especial de Fronteira (PEF), no Uiramutã. Essa também é questão que o CIR não concorda.
Segundo Norberto Cruz, a implantação do 6o PEF naquela região está acontecendo contra a vontade da maioria dos povos indígenas, o que para ele deveria ser respeitada pelo Exército.
"Se o Exército tivesse uma área delimitada e o indígena chegasse lá para construir alguma coisa, eles não iriam aceitar. Por isso, entendemos que dentro da terra indígena tem que acontecer da mesma forma. Tem que haver nossa permissão", criticou.
Norberto Cruz lembrou que a ação judicial para impedir a construção do Pelotão ainda não teve o mérito julgado. "O processo ainda se encontra na primeira instância e vamos recorrer até a última, porque lá é terra indígena e vamos lutar pelos nossos direitos", afirmou. Segundo ele, a Justiça está aguardando a conclusão de um laudo antropológico sobre o assunto.

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