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Cinema de resistência

Carta Capital - https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema
01 de Ago de 2021

Cinema de resistência
Respostas enérgicas de reafirmação da indústria do audiovisual brasileiro às tentativas de submissão da nossa cultura mostram forte resistência ao desprezo com que ela está sendo tratada - em particular ao incêndio na Cinemateca Brasileira

Por Léa Maria Aarão Reis
01/08/2021 15:06

''Nem parece acidente'', afirmou o diretor pernambucano Kleber Mendonça Filho, de passagem por Paris, voltando de Cannes onde foi jurado de um dos festivais de cinema mais importantes do universo cinematográfico. Durante a grande festa da Croisette o autor do filme Bacurau responsabilizou o atual governo brasileiro pelas mais de 500 mil mortes por Covid-19 no país e pelo desmonte do cinema brasileiro. Para ele, assim como para uma multidão de indivíduos ligados de algum modo ao áudio-visual no Brasil - trabalhadores técnicos, artistas, cinéfilos e público em geral -, o incêndio em um dos prédios da Cinemateca Brasileira, em São Paulo, pode ter sido intencional. Uma retaliação à corajosa resistência, produto de um esforço hercúleo que a indústria do audiovisual nacional vem desenvolvendo para não se submeter e sobreviver.

Faz sentido o que diz Mendonça, e há fatos que não devem ser menosprezados. Para o cineasta (o incêndio) é ''muita coincidência'' depois do Museu Nacional pegar fogo, em 2018 e do seu próprio alerta à comunidade cinematográfica internacional, há 20 dias, em Cannes, sobre a precariedade com que atualmente trabalha a nossa indústria de filmes. Em uma entrevista ao jornal Libération, ele observou: 'As perdas ainda não são conhecidas com precisão, mas são inestimáveis''.

''Foram (queimados) quatro toneladas de arquivos de papel de instituições públicas que construíram o cinema brasileiro durante 60 anos''! lamentou Roberto Gervitz, um dos líderes do movimento SOS Cinemateca. Eles estavam sendo catalogados antes do brutal fechamento da cinemateca, meses atrás. ''Trata-se de uma perda irrecuperável para os pesquisadores''.

"O cinema brasileiro depende de financiamento público. Mais de 800 projetos estão paralisados ou avançam atualmente à fórceps e a golpes de intervenção judicial'', lembra Mendonça. ''O incêndio é uma sabotagem que mostra o desprezo pela cultura. Alguns cineastas começam a se perguntar sobre a oportunidade de manter suas obras em um santuário tão fragilizado''.

Como centenas de outras vozes que vêm se manifestando sobre o trágico e intolerável episódio, Mendonça e Gervitz criticaram o fechamento da Cinemateca Brasileira, que detém mais de 90 mil títulos, é a maior da América Latina e uma das cinco mais importantes do mundo - ela foi criada tendo como modelo a célebre Cinemateca Francesa, de Paris - e a situação lamentável em que a instituição se encontrava provocada pela cafajestada premeditada do governo federal para humilhar os ''marxistas culturais'' no seu entender sempre boçal.

Como que tripudiando sobre o desastre mais do que anunciado - e praticamente programado - a tal Secretaria Especial de Cultura, que hoje é parte do Ministério do Turismo (!) por decreto do atual administrador do Brasil, um dia após o incêndio publicou afinal o edital, engavetado há nove meses, para contratação de um entidade gestora da Cinemateca que se encontrava em um inacreditável deus-dará denunciado diversas vezes publicamente.

O edital: um aporte de dez milhões de reais anuais pelo período de cinco anos, valor 50% menor do que o previsto em estudo de publicização realizado pelo próprio Ministério do Turismo no ano passado!

Mas há respostas ao insulto e à chacota que representam essa queima - planejada? programada? anunciada, sem dúvida - de 60 anos de história da política pública para o cinema, entre outros ítens e documentos que ainda estão sendo contabilizados.

É uma resposta que está sendo dada, com um imenso esforço e em caráter de urgência, até que a situação da cultura brasileira volte a se normalizar, e siga sendo respeitada, consagrada, celebrada e reconhecida por todos nós através dos canais institucionais legítimos do país.

Algumas das respostas da resistência à tentativa de asfixiar a cultura do país são estas, abaixo. Anotem.

Há bons filmes brasileiros em cartaz ou em vias de lançamento nas plataformas de streaming e estão programados festivais e mostras para segundo semestre. O filme de Ana Maria Magalhães, Mangueira em 2 Tempos, por exemplo. Foi o Melhor Documentário no INYFF, o International New York Film Festival, e mostra a influência sedimentada da cultura do samba na vida das periferias das grandes cidades.

Outros filmes brasileiros disponíveis: Ana.Sem título, de Lucia Murat, Noites de alface, de Zeca Ferreira, Minha Fortaleza, Os Filhos de Fulano, de Tatiana Lohmann. Até o fim do ano virão outros cartazes. E o vídeo Voluntário **** 1864, de Sandra Kogut, sobre ''os anônimos da vacina'', no Globoplay.

A Mostra de Cinema de Gostoso, no Rio Grande do Norte, na cidade de São Miguel do Gostoso, em novembro, é expressão importante desta temporada efervescente. Dura cinco dias e mobiliza os moradores da cidade e os muitos turistas. Eles assistem aos filmes instalados na platéia montada na areia da praia e participam ativamente do evento.

Dependendo da situação da covid-19 na época, a mostra será presencial ou on-line. Com ela os espectadores têm um contato mais próximo com a produção cultural de outras regiões do país. É uma importante referência de difusão audiovisual e gratuita no calendário cultural nordestino.

As inscrições para a Mostra de Cinema de Gostoso estão abertas para longas e curtas-metragens brasileiros, de todos os gêneros, finalizados a partir de 2020. Elas vão até 26 de setembro. O site do festival: mostradecinemadegostoso.com.br

Lembramos que São Miguel do Gostoso está distante uma hora da cidade de Natal, suas praias são famosas e a cidade está situada na chamada "esquina do Brasil''.

O CineSesc, do Serviço Social do Comércio, recém começou. Desde anteontem exibe a mostra digital Luta Yanomami: Cinema como aliado, na plataforma do Sesc Digital, e traz em sua programação curtas, médias e longas-metragens, disponíveis gratuitamente até o dia 13 deste mês além de um ciclo de encontros com especialistas e ativistas indígenas. Na sua abertura foi apresentado o premiado documentário A Última Floresta, de Luiz Bolognesi e roteirizado por ele e pelo xamã e ativista Davi Kopenawa.

A curadoria da mostra é das antropólogas Majoí Fávero Gongora e Ana Maria Machado, em parceria com o CineSesc. A programação pode ser assistida gratuitamente em sescsp.org.br/lutayanomami e o ciclo de encontros com especialistas e ativistas indígenas será nos próximos dias 3, 5, 10 e 12 de agosto, terças e quintas, das 14h às 16h. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas no site inscricoes.sescsp.org.br.

Abaixo, a programação:

GYURI

Dir.: Mariana Lacerda | Brasil | 2019 | 87 min | Documentário | Livre

Gyuri traça uma linha geopolítica improvável entre uma aldeia húngara (a pequena cidade de Nagyvarad) e a Terra Indígena Yanomami, na Amazônia Brasileira. Isso se dá através da história de vida de Claudia Andujar. Judia, sobrevivente da segunda guerra mundial, Claudia perdeu toda sua família em campo de concentração nazista. Exilada no Brasil, dedicou sua vida à salvaguarda dos povos Yanomami.

UM FILME PARA EHUANA

Dir.: Louise Botkay | Brasil | 2018 | 27 min | Documentário | Livre

Na fronteira entre Brasil e Venezuela, em Watorik?, vive uma comunidade Yanomami. Passamos um tempo com Ehuana Yaira e sua família no dorso do coração da floresta.

URIHI HAROMATIMAPË - CURADORES DA TERRA-FLORESTA

Dir.: Morzaniel lramari Yanomami| Brasil | 2014 | 60 min | Documentário | Livre

Os trovões estão avisando: "a Terra está doente". Para curá-la, Davi Kopenawa reuniu os xamãs Yanomami de diversas regiões. Com a ajuda do alimento dos espíritos, o rapé yakoana, eles vão tratar os males provocados pelas cidades e doenças dos brancos.

XAPIRI

Dir.: Bruce Albert, Gisela Motta, Leandro Lima, Laymert Garcia, Stella Senra | Brasil | 2012 | 54 min | Documentário | Livre

O filme acompanha sensorialmente os trabalhos dos xapiri (xamãs ou pessoas-espírito), desde seu encontro em Watorik?, até a evolução dos rituais Utupë, onde os xamãs atraem entes que os ajudam a conduzir curas-batalhas contra o mal que atinge a ordem cosmoecológica do mundo.

XAPIRIPË YANOPË - CASA DOS ESPÍRITOS

Dir.: Morzaniel rama ri Yanomami, Dário Kopenawa Yanomami | Brasil | 2010 | 24 min | Documentário | Livre

Incursão íntima e subjetiva sobre a iniciação dos jovens xamãs Yanomami da aldeia Demini, que aprendem a se comunicar com os xapiripë (espíritos) alimentando-os com o rapé yakoana (comida dos espíritos).

O SOPRO DOS XAPIRI- XAPIRI PË NË MARI

Dir.: Gisela Motta, Isabella Guimarães, Mariana Lacerda | Brasil | 2020 | 8 min | Documentário | Livre

Era noite em Brasília, quando os Xapiri ocuparam o conjunto arquitetônico modernista do Palácio do Congresso Nacional, transfigurado em terra-floresta. O valor de um sonho, induzido pela visita dos espíritos da terra-floresta que levam à imagem dos xamãs é xapiri pë në mari, na língua Yanomami. O xamã contou: "quando estou dormindo, estou sonhando, olhando, cantando, movimentando. Tudo isso é sonho, xapiri pë në mari". Criação: Barreira Y.

O CICLO DE ENCONTROS

DIA 3/8 - 14H ÀS 16H

BREVE HISTÓRIA DA TERRA INDÍGENA YANOMAMI E A INVASÃO GARIMPEIRA

Décadas atrás uma "corrida do ouro" tomou conta do território yanomami, causando degradação social e ambiental. Após a demarcação da Terra Indígena Yanomami, em 1992, com a expulsão de grande parte dos invasores, a situação melhorou. Entretanto, a partir de 2019, a invasão garimpeira assumiu proporções inimagináveis e voltou a ameaçar o destino dos Yanomami e Ye'kwana. Neste encontro, uma grande liderança yanomami e um dos mais destacados advogados indígenas, abordam a luta dos povos indígenas pelo exercício pleno de seus direitos constitucionais e a gravidade da presença garimpeira na TI Yanomami no contexto da pandemia.

Convidados: Dário Vitório Kopenawa Yanomami. Vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), professor de educação intercultural bilíngue e estudante de Gestão Territorial Indígena na Universidade Federal de Roraima. Milita em defesa dos direitos dos povos Yanomami e Ye'kwana ao lado de seu pai, o xamã e grande líder, Davi Kopenawa Yanomami. Luiz Eloy Terena. Advogado indígena, com atuação no Supremo Tribunal Federal e Organismos Internacionais, é coordenador do departamento jurídico da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB). Doutor em antropologia social pelo Museu Nacional (UFRJ), pós-doutor em antropologia pela École des Hautes Études en Sciences Sociales (EHESS) e fundador da Revista Terena Vukápanavo.

DIA 5/8 - 14H ÀS 16H

MULHERES YANOMAMI: NOVOS ESPAÇOS E DESAFIOS

As mulheres yanomami têm ocupado novos espaços e expandido o seu protagonismo político na relação com os não indígenas ao participarem de reuniões e assembleias das organizações e ao promoverem encontros de mulheres. Um marco nesse movimento foi a criação da primeira associação de mulheres yanomami: a Kumirayoma. Esses novos espaços se entrelaçam à vida cotidiana de cuidado com os filhos com as roças e com as atividades na floresta, sempre em um equilíbrio fino com os outros seres que vivem ali. Neste encontro vão estar uma convidada yanomami e duas não indígenas

Convidadas: Tuíra Kopenawa Yanomami. Nascida em 1993 na comunidade de Watorik, região do Demini (Amazonas), é estudante de enfermagem e atuou como intérprete na maternidade de Boa Vista, apoiando as mães yanomami. Atualmente, trabalha como intérprete na Casa de Saúde Indígena, ajudando os yanomami que estão na cidade realizando tratamentos de saúde. É filha do grande xamã e liderança política Davi Kopenawa Yanomami. Ana Maria Machado. Graduada em pedagogia e mestre em Antropologia. Desde 2007 atua em diversos projetos em parceria com os yanomami voltados à educação, pesquisa, fortalecimento linguístico e cultural. Organizou e revisou diversos livros voltados aos yanomami em suas línguas maternas e recentemente co-organizou a publicação As Línguas Yanomami no Brasil: Diversidade e Vitalidade (2019). Foi orientadora de pesquisa de Urihi Haromatimapë: curadores da terra-floresta e tradutora de A Última Floresta. É integrante da Rede Pró-Yanomami e Ye'kwana. Marina Vieira. Assessora dos povos yanomami e Ye'kwana desde 2015. Como parte da equipe do Instituto Socioambiental, assessorou a construção do Plano de Gestão e do Protocolo de Consulta da TI Yanomami e o trabalho das mulheres yanomami na região do Maturacá. Bióloga de formação, desenvolve, atualmente, seu doutorado em Ciências Sociais sobre os direitos dos povos indígenas na Universidad Carlos III de Madrid. Também integra a Rede Pró-Yanomami e Ye'kwana. Participação especial: Floriza da Cruz Pinto. Desde jovem, participa do movimento indígena. Em 2015, esteve à frente da fundação da primeira organização de mulheres de seu povo, a Associação de Mulheres Yanomami Kumirayoma. Mulher yanomami da região Maturacá, no Amazonas, e mãe de dois filhos, Floriza promoveu, por meio da Kumirayoma, a comercialização mais justa da cestaria yanomami, co-organizou o livro Pe?r?s?: o fungo que as mulheres yanomami usam na cestaria (2019) e fez com que as vozes das mulheres yanomami fossem conhecidas muito além de sua região de origem.

DIA 10/8 - 14H ÀS 16H

SONHAR A FLORESTA: OUTRAS FORMAS DE SE RELACIONAR COM A TERRA-FLORESTA E SEUS HABITANTES

A floresta é habitada por uma infinidade de seres e, da perspectiva yanomami, é essencial relacionar-se com eles, especialmente, aqueles invisíveis aos olhos humanos com os quais os xamãs mantêm diálogos contínuos por meio de sonhos e experiências sob efeito da yakoana - pó alucinógeno e alimento de seus espíritos auxiliares. A profusão de vidas na floresta, os sonhos e o xamanismo yanomami são temas centrais desta conversa conduzida por um professor yanomami e uma antropóloga que estuda essa temática.

Convidados: Eudes Koyorino Yanomami. Nascido em 1982 na região do Demini (Amazonas), Eudes foi professor da Escola Estadual Indígena Watorik por mais de 10 anos e participou de diversos cursos de formação de professores yanomami por meio do Magisterio Yarapiari. Está cursando Licenciatura Intercultural pelo Instituto Insikiran de Formação Superior Indígena da Universidade Federal de Roraima. Hanna Limulja. É doutora em antropologia social pela Universidade Federal de Santa Catarina e trabalha com os yanomami desde 2008. Atuou na Comissão Pró-Yanomami e no Instituto Socioambiental como assessora em Projetos de Educação Escolar Indígena e, na Venezuela, assessorou a conformação da Horonami Organização Yanomami. Atualmente, integra a Rede Pró-Yanomami e Ye'kwana.

DIA 12/8 - 14H ÀS 16H

ARTE, ALIANÇA E AS LUTAS DOS POVOS INDÍGENAS

No cinema e nas artes em geral, vemos um estreitamento de vínculos entre artistas não indígenas e indígenas motivado pela tomada de consciência de que é preciso reunir esforços para lutar contra frentes genocidas e ecocidas e construir espaços para visibilizar os saberes e as trajetórias dos povos originários. O trabalho de Cláudia Andujar com os yanomami é pioneiro e referência para quem compreende que a arte, o afeto e a luta estão sempre imbricados.

Convidados: Luiz Bolognesi. Roteirista e diretor de cinema. Escreveu com Davi Kopenawa Yanomami e dirigiu o filme A Última Floresta (2021), que recebeu o prêmio do público de melhor filme no Festival de Berlim e de melhor filme do júri no Festival de Seul na Coréia do Sul. Também assina o roteiro e a direção de produções premiadas como Ex-pajé (2018) e a série documental Guerras do Brasil.Doc. Mariana Lacerda. Artista visual e atua como pesquisadora, roteirista e diretora de filmes documentais. Em 2020, lançou Gyuri, seu primeiro longa-metragem, e nesse mesmo ano, ao lado de Gisela Motta e Isabella Guimarães [Barreira Y.], realizou uma projeção no Congresso Nacional, em uma aliança com o Instituto Socioambiental, que resultou no filme O Sopro dos Xapiri (2021). A intervenção artística fez parte do encerramento da campanha #ForaGarimpoForaCovid, liderada pelo Fórum de Lideranças Yanomami e Ye'kwana. Alberto Álvares. Cineasta Guarani Nhandewa da aldeia Porto Lindo (MS). Reside no Rio de Janeiro desde 2010, ano em que começou a trabalhar com o audiovisual como realizador e formador de cineastas indígenas. Cursou licenciatura intercultural na Universidade Federal de Minas Gerais e hoje faz mestrado em Cinema e Audiovisual na Universidade Federal Fluminense. Dirigiu inúmeros filmes, entre eles, O Último Sonho (2019). Integrou a equipe indígena que realizou o especial Falas da Terra (2021) da TV Globo, dedicado aos povos indígenas.

Mediação: Majoí Fávero Gongora.

Abaixo, as sinopses dos longas-metragens:

A república da selva

Brasil, 2016, 1h21min, 16 anos

Direção: Manoel Fernandes Neto

Elenco: Thaíse Cabral - Brisa Taíza Nunes - Tai, Noé Pires - Noé, Mayara Valentim - Mayara, Maurício Garcia - Maurício, Iverton Allef - Iverton Batoré, Djhonnathan Fernandes - Jonanthan

Sinopse: O Brasil vive o rescaldo de uma ebulição política sem precedentes, desde os meses que sucederam o impeachment da presidente Dilma Rousseff e o fim da primavera estudantil brasileira. E exatamente, em uma república de estudantes localizada no litoral da Paraíba, que os seus moradores, ao mesmo tempo em que tentam resistir a transformações tão profundas, buscam ao seu modo superá-las. Parece ser comum a todos, que ignorar a realidade depois de experiências tão marcantes, tornou-se a nova resistência destes dias. Nesta tentativa, liderados por Tai, uma estudante de antropologia da etnia Tabajara, o grupo envereda na mata que circunda o lugar, para realizar antigos rituais que evocam poderes ancestrais. Entretanto, do mesmo modo em que eles são conduzidos a descobertas tão profundas, misteriosos acontecimentos começam a rodear a vida destes estudantes. Neste momento, talvez, vivê-los, seja a única maneira de vencer os verdadeiros inimigos da República pela qual eles lutam.

Sol alegria

Brasil, 2018, 90 minutos, Ficção, 18 anos

Direção: Tavinho Teixeira e Mariah Teixeira

Elenco: Joana Medeiros, Mauro Soares, Tavinho Teixeira, Mariah Teixeira, Ney Matogrosso, Suzy Lopes, Anita Medeiros, Everaldo Pontes, Vera Valdez, Toreba Sagi, Gustavo Vinagre, Danny Barbosa, Vera Valdez Barreto

Sinopse: Enquanto o país está sob o jugo de uma junta militar e pastores corruptos pregam o apocalipse, uma família excêntrica e sem lei, uma espécie de Bonnie & Clyde com crianças, caminha pelo interior brasileiro. Seu primeiro objetivo é entregar uma remessa de armas a um grupo de freiras militantes que se retiraram para a selva, vivendo da renda de sua plantação de cannabis.

Curiosidades: A première se deu no Festival de Roterdã, na Holanda, para depois chegar ao Olhar de Cinema, em Curitiba (onde venceu o prêmio especial do júri no Festival), ao Cine Ceará, em Fortaleza e na 43ª Mostra Internacional de Cinema, São Paulo.

Ambiente familiar

Brasil, 2018, 93min, Ficção, Livre

Direção:Torquato Joel

Elenco: Alex Oliveira, Fagner Costa e Diógenes Duque

Sinopse: Tre%u002s jovens amigos se juntam para constituir uma fami%u001lia singular. À medida que o tempo passa, uma mera relac%u027a%u003o para divisa%u003o de despesas se transforma, pelos lac%u027os afetivos que se estabelecem, em uma nova ordem familiar - ati%u001pica para os padro%u003es da fami%u001lia convencional.

Curiosidades: Primeiro longa-metragem do diretor Torquato Joel. O longa-metragem foi rodado em várias cidades da Paraíba, como João Pessoa, Cabedelo, Conde (Tambaba e Tabatinga), Guarabira e Bananeiras.

Beiço de estrada

Brasil, 2018, 105min, Ficção, 16 anos

Direção: Eliézer Rolim

Elenco: Darlene Glória, Jackson Antunes, Mayana Neiva, Luana Valetin, Rique Messias

Sinopse: Madame Lili (Darlene Glória) prostituiu suas três filhas, agora avó com seus dois netos: Braz (Rique Messias) e Conceição, (Luana Valentim) ambos filhos da prostituição, tentam sobreviver em condições precárias num antigo bordel sertanejo, chamado Beiço de Estrada. Para Conceição é feita uma promessa de livrar toda a família da maldição da prostituição e para Brás é reservado o trabalho de cavar buracos na estrada para fazer os carros pararem. Meota (Jackson Antunes) um antigo boêmio, visita o velho bar e cativa o coração de Conceição recriando um novo ciclo no Beiço de Estrada.

Curiosidades: O filme é uma adaptação da peça de teatro de mesmo nome escrita por Eliézer Rolim, aos 17 anos de idade. A peça circulou o Brasil em vários festivais e, quando em São Paulo, Marcélia Cartaxo, que interpretava a personagem Véu de Noiva, foi descoberta por Suzana Amaral para o filme "A Hora da Estrela". O filme foi gravado em três semanas na região do cariri paraibano, cujo índice pluviométrico é o menor do Brasil. A equipe técnica é em sua maioria Nordestina. O filme marca o retorno magistral de Darlene Glória ao cinema, aos 76 anos de idade.

Jackson - Na batida do Pandeiro

Brasil, 2019, 1h39min, Documentário, Livre

Direção: Marcus Villar e Cacá Teixeira

Sinopse: O universo íntimo e musical do artista Jackson do Pandeiro, revelando uma genialidade e originalidade rítmica que influenciaram grandes artistas da MPB. Sua vida foi também marcada por momentos dramáticos e polêmicos, seguindo em paralelo ao seu estrondoso sucesso. Serão apresentados depoimentos inéditos sobre o artista, participação em filmes, programas de rádio, frutíferas parcerias, relações pessoais conturbadas, ostracismo e retomada artística, até sua morte, em 1982, na capital federal.

Rebento

Brasil, 2018, 1h37, Ficção, 12 anos

Direção: André Morais

Elenco: Ingrid Trigueiro, Zezita Matos, Fernando Teixeira, Zé Guilherme Amaral, Anna Luiza Pordeus, Verônica Cavalcanti, Palmira Palhano, Margarida Santos, Itamira Barbosa, Angélica Lemos, Franck Ferreira

Sinopse: Após cometer um crime, mulher abandona casa e família em busca de um destino desconhecido. Não se sabe quem é ela, nem o porquê de tal crime. O mistério sobre essa mulher é um dos pontos chaves da narrativa. No decorrer da história se chamará Maria, Rosa e Ana, talvez seja um deles o seu nome verdadeiro, talvez nenhum. Ela andará durante um dia inteiro, abraçada a uma melancia e terá breves encontros que marcarão o seu dia e a sua vida, enfrentando um mundo às vezes hostil e às vezes delicado, na tentativa de conviver com o amor e o desamor que traz em si.

Curiosidades: Foi vencedor dos prêmios de Melhor Filme Internacional e Melhor Atriz no Diorama Film Festival na Índia, no mesmo mês e ano do chamado Muro das Mulheres, protesto histórico em que dezenas de milhares de mulheres formaram uma corrente humana de 620 quilômetros em luta por igualdade de gênero no país. Ganhador de 27 prêmios nacionais e internacionais. Filme produzido com equipe e elenco inteiramente do estado da Paraíba

Seu amor de volta (mesmo que ele não queira)

Brasil, 2019, 81 minutos, Documentário, 18 anos

Direção: Bertrand Lira

Elenco: William Muniz, Danny Barbosa, Zezita Matos, Marcélia Cartaxo, Afrovalter, Pai Júlio, Mãe Severina e Pai Nelito.

Sinopse: O amor perdido e a crença no poder da magia, das cartas e dos búzios para trazê-lo de volta compõem o quadro de histórias deste documentário. Para abordar esse universo, quatro personagens relatam suas desventuras amorosas e são colocados frente a frente com cartomantes e videntes que poderão apontar uma saída para suas vidas.

Sinopses dos curtas-metragens:

A ética das hienas

Brasil, 2019, 20min, Ficção, livre

Direção: Rodolpho de Barros

Elenco: Suzy Lopes, Servilio de Holanda, Marcelia Cartaxo Cartaxo, Daniel Porpino, Fernando Teixeira, Tavinho Teixeira, Drica Soares, Silvano Monteiro.

Sinopse: Um conluio em uma causa trabalhista é descoberto, mas nada como um bom acordo no Brasil.

Curiosidades: O projeto é uma coprodução internacional com a Argentina. Toda a equipe é paraibana, com exceção de seis profissionais da Argentina.

Acho bonito quem veste

Brasil, 2016, 9min, Documentário, Livre

Direção: Marcelo Coutinho

Sinopse: A moda encontra os limites geográficos e a interferência da televisão para atingir seu público.

Animais na pista

Brasil, 2020, 10min, Ficção, 12 anos Direção: Otto Cabral

Elenco: Kassandra Brandão, Thardelly Lima, Servilio de Holanda, Giovanni Sousa, Flávio Melo,

Omar Brito, Paulo Philipe, Flávio Freitas, Geyson Luiz, Daniel Araújo.

Sinopse: Um acidente de percurso diz muito a respeito da humanidade

Batom vermelho sangue

Brasil, 2020, 20min, Ficção, 16 anos

Direção: R.B. Lima

Elenco: Murilo Franco, Danny Barbosa, Anita Medeiros, Cely Farias, Eulina Barbosa, Vinícius Guedes e Sanzia Marcia

Sinopse: A rotina de quatro mulheres lutando pela sobrevivência e aceitação em uma sociedade cada vez mais hostil e preconceituosa.

Curiosidades: Batom Vermelho Sangue é o quarto curta-metragem do Projeto Ashley De La Veiga, que aborda temas da comunidade LGBTQ dividido em 10 curtas-metragens.

Bodas de Aruanda

Brasil, 2014, 26min, Documentário,

Direção: Chico Salles

Sinopse: Uma história das narrativas simbólicas dos 50 anos de centro umbandista da Paraíba.

Cabidela's bar

Brasil, 2021, 17 minutos, Ficção, Livre

Direção: Tadeu de Brito

Elenco: Ingrid Trigueiro, Marcio de Paula, Buda Lira e Totonho

Sinopse: Domingo é dia de visitar a família, para Miguel encontrar seu pai. Uma travessia, entre memórias, sangue e amor.

Coletivo de multidão

Brasil, 2018, 26 minutos, Documentário, 16 anos

Direção: Manoel Fernandes

Elenco: Arly Arnaud (Masoquista), Elisa Fiuza(Criança), Hamanda Holmes (Emma), Marcos Pergentino (Celso), Fernando Trevas (Mestre do mar)

Sinopse: Ano 2024. Estamos na solidão e na multidão ao mesmo tempo. Após a nova pandemia do Coronavírus, Celso, um jovem funcionário do Porto, vive em uma realidade paralela. Ele se comporta como um robô e gosta de uma Sex Doll, ignorando tudo ao seu redor, incluindo Emma, sua esposa. Ela divide seus dias entre o trabalho como bibliotecária em uma escola para surdos, as tentativas de trazer Celso de volta à realidade e as temporadas semanais de sadomasoquismo com uma senhora idosa. Presos nessa rotina disfuncional, eles devem se encarar e perguntar: vamos nos afogar juntos ou vamos finalmente mergulhar em uma nova vida?

Curiosidades: Coletivo de Multidão, é resultado de uma pesquisa da qual desenvolvi há 4 anos, com o objetivo de discutir as relações afetivas na vida contemporânea, partindo do conceito de sociedade líquida proposto pelo sociólogo e filósofo Zygmunt Bauman, que questionava desde os vícios em redes sociais e a solidão coletiva que estamos imersos. Partindo desde princípio, a obra se desenvolveu ao apresentar um jovem casal em uma cidade costeira, que viviam os seus dias naquele lugar, ameaçados por uma estranha força vinda da praia. Com a eclosão da pandemia do novo coronavírus, o filme ganhou mais motivação e visibilidade por mostrar um futuro que acontece agora. Estamos na multidão e na solidão por uma estranha força que pode nos contaminar a qualquer hora.

Contínuo

Brasil, 2014, 16 minuto, Ficção, 12 anos

Direção: Carlos Ebert e Odécio Antonio

Elenco:Ana Marinho, Daniel Araújo, Daniel Porpino, Odécio Antonio e Verônica Cavalcanti, Buda Lira, José Carlos, Laureano Junior, Martinho Patrício, Tereza Cavalcanti, Ananda Nóbrega e Letícia Marinho

Sinopse: Um Contínuo no espaço-tempo

Curiosidades: Um dos diretores é também o ator que protagoniza o curta-metragem.

CRUA

Brasil, 2019, 20 minutos, Ficção, 16 anos

Direção: Diego Lima

Elenco: Nyka Barros, Felipe Espíndola, Kelner Macedo, Omar Brito, Marcio di Paula, Norma Goes, Alice Maria, Fafa Dantas, Dhyan Urshita, Suzy Lopes, Ravi Lacerda, Pedro Ivo, Aquilles Nud, Alison Bernardes

Sinopse: Uma radiografia das relações humanas estabelecidas em torno de uma praça no centro da cidade

Deus Não Acredita em Máquinas - DNA-M

Brasil, 2018, 16min Ficção, 12 anos

Direção: Ely Marques

Elenco: Gladson Júnior; Laís Lacerda; Tavinho Teixeira.

Sinopse: No ano 2042, no mundo que conhecemos, aconteceu o previsível rumo distópico pós-apocalíptico. Um casal define o destino da civilização no que parece ser apenas um sequestro mal sucedido. Entram em conflito existencialista. O que parecia ser apenas um sequestro malfadado se revela num grande dilema existencial.

Faixa de Gaza

Brasil, 2019, 16 minutos, Ficção, 16 anos

Direção: Lúcio César Fernandes

Elenco: Marcélia Cartaxo, Paulo Philippe, Marcelo de Souza, Melquizedeque Abrantes, Ewerton Chagas, Max Ryan Monteith, Rafael Paiva, Fernando Teixeira, Verônica Cavalcanti, Luis Henrique, Cardivando de Oliveira, Josineide Melo.

Sinopse: Em um conjunto habitacional de periferia, Mago chefia um bando de jovens aliciando e cometendo crimes em meio a uma guerra de facções que vira notícia nas ondas do rádio. Nazaré e Naldin se deparam com o violência desse conflito, pois ambos estão no lugar errado: a faixa de gaza.

Curiosidades: O curta-metragem Faixa de Gaza desde de seu lançamento durante a II Mostra de Cinema Walfredo Rodrigues, participou de 15 festivais e Mostras de cinema, entre elas duas participações internacionais nos Estados Unidos e Angola, colecionando 10 prêmios além de uma menção honrosa. A crítica especializada em cinema também destacou o filme, com destaque ao Dossiê Fest Aruanda: Faixa de Gaza*, produzido pela ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema).

Hosana nas alturas

Brasil, 2017, 17 minutos, Ficção, 16 anos

Direção:Eduardo Varandas Araruna

Elenco: Daniel Porpino, Nyka Barros, Danny Barbosa, Tavinho Teixeira, Glaydson Gonçalves e Mirna Barbosa

Curiosidades: Hosana é uma transexual feminina que trabalha como prostituta e não compreende o motivo pelo qual é rejeitada por igrejas cristãs. Normando é um homem que não aceita o fato de ser homossexual. Eles se encontram numa boate gay e este encontro mudará seus destinos para sempre.

Lebara

Brasil, 2021,19 min 17 seg, Documentário, Livre

Direção: Sérgio Ferro

Elenco: Dan Oliveira, Laiz de Oyá e Norma Góes

Sinopse: As Pombagiras protegem todo mundo, mas defendem principalmente as mulheres e as afeminadas.

Menino Azul

Brasil, 2020, 25min, Ficção, 12 anos

Direção: Odécio Antonio

Elenco: Théo Koffmann, Luiz Carlos Vasconcelos, Giuliana Maria, Nanego Lira, Ian Guedes, Buda Lira, Kassandra Brandão, Yluska Gaião. Geyson Luiz, Márcio de Paula, Joálisson Cunha, Edna Diniz, Pablo Rivero, Matheus Leonel,Rodrigo Alves, Sônia Pontes, Cauê Villar, Luana Valentim, Martinho Patrício

Sinopse: Uma viagem onírica na vida do menino João.

Curiosidades: A estreia de Théo Koffmann no cinema

Moído

Brasil, 2015, 13 minutos, Experimental, 14 anos

Direção: Torquato Joel

Elenco: Marcélia Cartaxo, Fernando Teixeira, Zé Guilherme Amaral, Sôia Lira, Nanêgo Lira, Escurinho e grande elenco

Sinopse: A assimétrica relação do ser humano em sociedade.

Rafameia

Brasil, 2020, 24 minutos, Ficção, 12 anos

Direção: Mariah Teixeira e Nanda Félix

Elenco: Mariah Teixeira, Daniel Porpino, Thardelly Lima, Susy Lopes, Izadora Nascimento, Buda Lira, Fernanda Ferreira, Gerlena Palmeira, Ingrid Trigueiro, Dhyan Urshita, Omar Brito, Vanessa Lima

Sinopse: Após se sentir ameaçada por um entregador de uma empresa de eletrodomésticos, Carmem tem seu cotidiano atravessado por diversos conflitos e violências ao se permitir ver os outros que habitam seu entorno. O filme percorre caminhos de relações cotidianas para falar de alguns atravessamentos em um Brasil confuso e desgastado, mergulhado em uma crise econômica acentuada e principalmente uma forte crise ética.

Serviço

O Novíssimo Cinema da Paraíba

Data: 5 a 18 de agosto

Horário: das 12h do dia 5.08 às 23h59 de 18.08

Valor: Gratuito para assinantes e não assinantes www.belasartesalacarte.com.br/browse

Programação paralela l Conversas ao vivo

%u2A8 10.08 l 19h l O Novíssimo Cinema da Paraíba (Clique aqui e ative o lembrete)

%u2A8 11.08 l 19h l O Mercado de Cinema na Paraíba (Clique aqui e ative o lembrete)

Onde: no canal do YouTube do À La Carte

Sobre o À LA CARTE

O À LA CARTE é um streaming de filmes pensado para quem ama cinema de verdade. Seu catálogo, que já conta com cerca de 400 títulos,e inclui filmes de todos os cantos do mundo e de todas as épocas: contemporâneos, clássicos, cults, obras de grandes diretores, super premiados e principalmente aqueles que merecem ser revistos e que tocam o coração dos cinéfilos. Além de pelo menos cinco novos filmes que entram semanalmente no catálogo, há também a possibilidade do aluguel unitário, que sa%u003o os Super Lanc%u027amentos: um espac%u027o para filmes que estreiam antes dos cinemas; simulta%u002neos ao cinema; filmes ine%u001ditos no Brasil, entre outras modalidades. Outro diferencial são as mostras de cinema, recentemente o À LA CARTE trouxe especiais dedicados à cinematografia francesa, italiana, coreana, espanhola e suíça. O À LA CARTE foi criado no final de 2019 e integra o Belas Artes Grupo, que inclui também a Pandora Filmes e o Cine Petra Belas Artes, um dos mais tradicionais e queridos cinemas de rua de São Paulo.

https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema/Cinema-de-resistencia-/…

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