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Cimi quer elucidação dos fatos ocorridos em Monte Pascoal

Cimi-Eunápolis-BA
Autor: Wilson Mario Farias Santana
10 de Dez de 2002

Recebemos cópia do ofício do Cimi de Eunápolis encaminhado ontem a Procuradoria da República em Ilhéus, que divulgamos abaixo esperando da PRDC uma investigação dos fatos o mais urgente possível:

A PROCURADORIA DA REPUBLICA EM ILHEUS
Dr. Oliveiros Guanais Filho
Dr. André Batista Neves
Ilhéus - Bahia
C.C - Anai; Cimi Nacional; Sheila Brasileiro; Dr. Luiz Chaves;Dra. Armanda Figueiredo.

Prezados Senhores,
No dia 09 de dezembro de 2002, a equipe do Cimi no extremo sul da Bahia, esteve na região do Monte Pascoal, em virtude de notícias acerca dos conflitos envolvendo os índios e
fazendeiros naquela região. As informações diziam respeito a um fato em que homens do fazendeiro Mauro Rossoni haviam provocado os índios na área conhecida como fazenda
Mirante onde os índios permaneciam acampados após a expulsão - através de liminares - das fazendas Santo Agostinho, Oriente e Bela Vista, todas próximas ao Monte Pascoal. De acordo as informações dos índios houve um tiroteio e no ocorrido acabou sendo morto um desses homens. Este fato aconteceu no domingo, dia 08 de dezembro.
O índio Sebastião, na aldeia Trevo do Parque informou-nos que uma viatura da Policia Militar de Itamaraju entrou para aquele trecho do Monte Pascoal por volta das dez horas da noite no domingo e só retornou às quatro horas da manhã, deixando-o intrigado. Ele supunha que os policiais sabiam do ocorrido e estava indo apanhar o corpo, mas nada disso aconteceu pois na segunda todos que passavam por ali avistava o morto, afirmação dele.
Quando estivemos no local dia nove, portanto na segunda-feira, constatamos que o corpo do homem permanecia, próximo a estrada que dá acesso ao Monte Pascoal; em seguida, a
imprensa chegou ao local, realizando registro, fato que noticiou no mesmo dia. Como não conseguimos encontrar nenhuma liderança ou alguém que nos dessem maiores informações, retornamos a Eunápolis e oficiamos a Funai em sua administração regional.
Até o momento não sabemos quais procedimentos foram tomados, por isso - ao tempo em que informamos os senhores - solicitamos dessa Procuradoria que oficie a administração da
Funai em Eunápolis no sentido de obter melhores informações e que possa melhor esclarecer os fatos. Vale ressaltar que a situação na área é de extrema tensão, os índios estão
amedrontados e temem por uma reação dos pistoleiros, já que estes continuam no casarão da fazenda Santo Agostinho, bem armados, ameaçando os índios, como bem retratou a jornalista
Carla Fialho do jornal A Tarde.
Sem mais para o momento, agradecemos com votos de estima e consideração.
Atenciosamente,
Eunápolis, 10 de dezembro de 2002
Wilson Mario Farias Santana
Cimi - Extremo Sul da Bahia.

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