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Cimi prevê que conflitos ainda vão se agravar

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
Autor: ROLDÃO ARRUDA
29 de Ago de 2003

O conflito entre índios e proprietários pela posse da terra deve se intensificar. A previsão é do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), a maior organização do País de apoio aos grupos indígenas. Para seus dirigentes, o governo está protelando decisões sobre demarcações de reservas, o que causa reações dos índios e agrava a tensão com os fazendeiros. Nos primeiros seis meses do ano os conflitos já provocaram 11 mortes, quase o dobro do registrado no mesmo período do ano passado, conforme estatística do Cimi.

"Havia a esperança de que o presidente Lula agisse com rapidez e homologasse todos os processos de demarcação de terras indígenas", diz o presidente da organização, o bispo Franco Masserdotti, da Diocese de Balsas. "Mas ele tem agido com lentidão, como se fosse a continuidade do governo anterior."

Para o secretário do Cimi, Eden Magalhães, a lentidão é causada por pressões de governadores e políticos ligados a ruralistas, que tentam impedir a demarcação. "Os índios estão perdendo a paciência, o que vai deixar a situação mais tensa."

Os Estados com mais problemas seriam Pernambuco, Mato Grosso do Sul, Bahia, Roraima e Santa Catarina, segundo o Cimi. O caso mais claro da morosidade do governo, para Magalhães, é a reserva Raposa/Serra do Sol - 1,6 milhão de hectares em Roraima, onde vivem os povos Taurepang, Macuxi, Wapichana, Patamona e Ingarikó. "Todos os procedimentos para a demarcação já foram feitos, falta apenas o governo homologar", diz. "Mas a medida está sendo adiada. Isso só serve para animar os grupos que fazem pressão contra a demarcação."

O Cimi é ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e tem 11 escritórios regionais, que cobrem todos os Estados. Embora ainda seja a maior organização do setor, vem perdendo influência entre os índios, especialmente na Região Norte, onde eles estão construindo organizações próprias.

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