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Cientistas vão "curar" mosquitos para acabar com doenças

A Crítica
20 de Fev de 2001

A busca de soluções para as epidemias de dengue e malária pode tomar novos rumos no Brasil. Após anos de esforço na criação de vacinas que mostraram ter baixa eficácia, cientistas estão procurando outra alternativa de tratamento: curar o mosquito. Um dos pesquisadores que adotaram a idéia é a bióloga Margareth de Lara Capurro, que está desenvolvendo genes sintéticos para bloquear a reprodução de parasitas e vírus nos insetos transmissores das doenças.A meta da cientista é criar um mosquito geneticamente modificado que seja capaz de passar o gene antidengue ou antimalária para seus descendentes e se disseminar no meio ambiente, ocupando o lugar do mosquito comum.Margareth já conseguiu sintetizar uma seqüência de DNA capaz de bloquear a transmissão da malária em galinhas. Tivemos um sucesso de 99,9%. (O número) é científico, disse.Nessa pesquisa, ela trabalhou com o mosquito Aedes aegypti, o mesmo da dengue humana, que foi usado no caso para transmitir a malária a aves. Os insetos receberam doses de vírus fabricados em laboratório, que carregavam o gene sintético. A seqüência de DNA sintetizou um anticorpo que atacou o Plasmodium gallinaceum, o protozoário que causa a doença nas galinhas.O próximo passo no projeto da bióloga é sintetizar um gene capaz de bloquear a transmissão de dengue em humanos. A pesquisadora já iniciou os primeiros passos da clonagem para a construção dos anticorpos recombinantes, que já estão em fase de testes com a colaboração do cientista Ken Olson, da Colorado State University (EUA).Ela já possui a receita das proteínas que formam os anticorpos, elaborada por pesquisadores da empresa ACCT e tenta desenvolver um modelo de anticorpo capaz de bloquear sozinho a reprodução de quatro variedades do vírus da dengue humana, dentro do mosquito.Atualmente, Margareth trabalha sozinha em sua parte do projeto, com espaços emprestados em laboratórios da Universidade de São Paulo (USP) e Unifesp. A pesquisadora voltou há poucos meses do pós-doutorado nos EUA, e aguarda resposta de pedidos para financiamento à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).A idéia de ser picado por um mosquito transgênico pode assustar algumas pessoas, mas a pesquisadora afirma que o risco de um transgene entrar no sangue humano seria pequeno, já que os anticorpos que matam a bactéria não existem na saliva do mosquito apenas na hemolinfa, o sangue dos insetos.

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