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Cientistas avaliam cenários de chuvas e derrubadas

Amazonas em Tempo, Meio Ambiente, p. C8
Autor: NOBRE, Antônio Donato; CARNEIRO FILHO, Arnaldo
04 de Nov de 2007

Cientistas avaliam cenários de chuvas e derrubadas

Antonio Nobre e Arnaldo Carneiro Filho
publicam artigo no Almanaque ISA

Os cientistas Arnaldo Carneiro Filho e Antonio Donato Nobre, da Coordenação de Pesquisas em Ecologia e do Departamento de Botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), respectivamente, estão entre o seleto grupo de articulistas que integram o novo Almanaque Socioambiental 2008, que será lançado em Manaus, na próxima quarta-feira, às 19h30, na Banca do Largo, ao lado do Teatro Amazonas, Centro.
A publicação, revista, atualizada e ampliada, será lançada simultaneamente em seis capitais brasileiras, dentre elas Manaus.
Com linguagem acessível, fotos, imagens e gráficos, a publicação apresenta um panorama atualizado dos ambientes brasileiros e das grandes questões socioambientais da Terra.
O aquecimento global e as mudanças climáticas são os destaques da nova edição do almanaque, que é a contribuição do Instituto Socioambiental (ISA) para aguçar a consciência planetária sobre os modelos de produção e consumo que estão por trás da atual crise ambiental que vivemos.
Antônio Nobre participa da coletânea de textos acadêmicos e científicos com o artigo "As florestas crescem onde chove, ou chove onde as florestas crescem", no qual o cientista avalia que "as chuvas sobre florestas nativas (como é o caso da Amazônia) não dependem da proximidade (geográfica) com o oceano". Segundo ele, o fenômeno da precipitação na Amazônia acontece por conta "da grande e densa área de folhas, que são evaporadores otimizados, as florestas naturais mantêm altos índices de evaporação".
Nobre ainda reafirma alguns importantes dados estatísticos sobre a floresta, tais como o volume de transpiração, que, segundo ele, chega a 300 litros de água por dia para cada árvore de grande porte.
No total, destaca Nobre, significa dizer que na Amazônia inteira 20 bilhões de toneladas de água são transpiradas a cada dia pelas árvores.
Para efeito de comparação, o rio Amazonas, o mais caudaloso do mundo, despeja no oceano Atlântico 17 bilhões de toneladas de água por dia.
No caso de Arnaldo Carneiro Filho, especialista em ecologia de paisagem no Inpa, a principal avaliação de suas pesquisas é ressaltada logo no título do texto, denominado de "O modelo atual de expansão agrícola, extremamente tecnificado, aumentou muito o poder de destruição de florestas no País".
Ele assina artigo em conjunto com Nilo D'Avila, que coordena o Programa de Políticas Públicas do Instituto Sociedade, População e Natureza (ISPN). Com o artigo, ambos especificam que a pressão sobre a floresta não vem cessando ao longo dos anos.
"O desmatamento como prática cultural do Brasil remonta aos povos pré-colombianos e vem se perpetuando entre as populações tradicionais amazônicas", alertam os pesquisadores, que também são pessimistas em relação ao preço da soja e carne bovina no mercado mundial. Segundo eles, com a retomada da alta desses produtos no mercado, novas derrubadas podem ocorrer.

Natureza em risco

Outra novidade é o destaque dado a oito cartões-postais brasileiros ameaçados.
Ao longo de suas 552 páginas, a publicação apresenta a situação de paisagens, regiões ou lugares do país que vêm sendo afetados por grandes obras, poluição, desmatamento ou descaso de órgãos públicos.
Na lista estão o Anavilhanas, no Amazonas, o Rio Araguaia, em Tocantins, o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí, a Serra do Amolar, no Pantanal, o Recôncavo Baiano, o Parque Nacional de Iguaçu, no Paraná, a Baía de Guanabara e o Rio Ribeira do Iguape, entre Paraná e São Paulo.

Frase
Cerca de 18% do bioma Amazônia já foi transformado em lavoura, pasto ou inacreditavelmente desmatado e depois abandonado, especialmente a partir da década de 1970.
Arnaldo Carneiro Filho, pesquisador do Inpa

Amazonas em Tempo, 04/11/2007, Meio Ambiente, p. C8

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