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Chuva chega ao Piauí antes de socorro federal

OESP, Nacional, p. A22
24 de Nov de 2007

Chuva chega ao Piauí antes de socorro federal
Burocracia emperra liberação dos recursos para atender população do semi-árido há pelo menos cinco meses

Luciano Coelho

Começou a chover na região do cerrado, mas a água não é suficiente para garantir o abastecimento nem para fazer florescer o pasto para os animais. A burocracia emperra a liberação dos recursos para atender a população há pelo menos cinco meses. Os trabalhadores rurais deram um ultimato e ameaçam saquear armazéns e ocupar prédios públicos se o dinheiro para socorrer as vítimas da seca não for liberado urgentemente.

O secretário estadual de Defesa Civil, Fernando Monteiro, afirmou que as chuvas ainda são insuficientes para o atendimento da população atingida pela seca no semi-árido. Ele está em Brasília, no Ministério da Integração Nacional, para tentar liberar R$ 3,2 milhões para garantir abastecimento de água com carros-pipa e pôr em funcionamento 100 poços artesianos que estavam desativados.

O meteorologista da Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos, Mainá Medeiros, informou que as chuvas são esparsas e insuficientes para armazenamento. "As chuvas no semi-árido estão abaixo da média e não é possível garantir a umidade do solo nem há condições de armazenar água em cisternas ou açudes. A precipitação pluviométrica é baixa", afirmou Medeiros.

ESTRATÉGIA

Os prefeitos utilizaram a estratégia de decretar situação de emergência antecipadamente para vencer a burocracia, mas até agora não conseguiram que os recursos fossem liberados. Não há verbas nem mesmo para garantir o abastecimento de água para pessoas e animais.

O secretário de Defesa Civil espera assinar hoje o convênio para liberação dos recursos destinados à contratação de carros-pipa, além de garantir os equipamentos para funcionamento de poços perfurados no semi-árido.

"Acredito que não haverá mais problema, pois atendemos a todas as exigências e vamos agora concluir finalmente esse convênio", disse Fernando Monteiro, por telefone, da ante-sala do coordenador da Defesa Civil Nacional, Roberto Guimarães.

Ministério atribui atraso à demora do governo local em fornecer documentos
Clarissa Oliveira
O Ministério da Integração Nacional voltou ontem a informar que a demora na liberação dos recursos prometidos para combater a seca no Piauí reflete a lentidão do governo estadual em fornecer a documentação necessária para tirar o acordo do papel. Encarregado de conduzir o processo, o secretário nacional da Defesa Civil, coronel Roberto Guimarães, confirmou que se encontrou ontem com o secretário estadual da área, Fernando Monteiro. Somente nessa reunião, segundo ele, é que o governo piauiense forneceu a maioria dos documentos necessários. Ainda assim, de acordo com o coronel, restam algumas pendências, como a relação de parte dos beneficiários do convênio.

Guimarães esclareceu, entretanto, que o material entregue ontem foi suficiente para que a sua secretaria concluísse o parecer técnico referente ao convênio. Os documentos foram encaminhados à assessoria jurídica do ministro Geddel Vieira Lima, para mais uma etapa de análise. "Nós buscamos uma forma de atropelar um pouco a burocracia, desde que isso não significasse atrapalhar a legalidade", afirmou Guimarães.

Em nome do ministro, que está em viagem ao interior da Bahia, Guimarães explicou que, nos últimos meses, a pasta buscou outros meios para auxiliar o Piauí no combate à seca, já que exigências legais impediam a liberação do convênio sem os documentos necessários. Esse esforço, de acordo com ele, resultou em gastos da ordem de R$ 2,8 milhões para permitir a distribuição de água na região.

Ele citou como exemplo o fato de o Exército manter caminhões-pipa em 65 municípios piauienses para realizar o abastecimento. Outra medida citada é a distribuição de 22 mil cestas de alimentos.

ALTERNATIVA

Há algumas semanas, Geddel já havia dito ao Estado que a pasta havia se empenhado em encontrar uma forma alternativa de prestar a assistência necessária ao governo do Piauí. "Não é só anunciar que o dinheiro chega na hora, existem regras", afirmou o ministro, na ocasião.

Apesar do montante gasto até agora, o secretário nacional da Defesa Civil assegurou que o governo continua disposto a autorizar a liberação dos R$ 3,2 milhões previstos inicialmente no convênio. "Queremos que o Estado se torne o gestor de todo esse programa", disse.

OESP, 24/11/2007, Nacional, p. A22

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