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Chinês compra 100 mil ha em MT

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Autor: Rodrigo Vargas
13 de Ago de 2006

O procurador César Augusto do Nascimento, da Fundação Nacional do
Índio (Funai), pretende interpelar judicialmente um empresário chinês
que teria comprado 100 mil hectares de floresta em uma área indígena
de Mato Grosso. A possibilidade foi levantada na semana passada pelo
jornal O Globo. De acordo com a reportagem, o milionário Lu Weiguang,
proprietário da Shanghay Anxin Flooring – a maior produtora de
revestimentos de madeira da China – confirmou e deu alguns detalhes,
em entrevista via fax, do negócio fechado com os índios. Não revelou,
porém, a localização da área, etnia e os valores envolvidos.
"Quero saber que sandice é essa, pois as áreas indígenas são bens
indisponíveis e inalienáveis da União desde 1934", apontou o
procurador, que deverá acionar a Polícia Federal para localizar o
paradeiro do empresário. "Ou ele foi enganado, ou é um usurpador de
terras públicas". Weiguang tem um apartamento em Curitiba (PR) e um
filho nascido no Brasil. Sua empresa fatura mais de US$ 100 milhões
por ano e compra madeira de 140 fornecedores no país, sendo 25 deles
em Mato Grosso. De acordo com O Globo, sua aproximação com os índios
começou em 1997. "Me apaixonei pela Amazônia e pela cultura indígena,
pela qual tenho muito respeito", diz a reportagem, citando o
empresário. Houve um estranhamento inicial dos índios em relação ao
empresário e suas intenções. Mas a confiança das lideranças seria
depois conquistada, por meio de presentes, como o fornecimento de
remédios e construção de escolas. "Para monitorar e ajudar os índios,
aluguei um satélite americano do sistema GPS. Eles perceberam que
minha intenção era boa". A primeira fatia de terras, de 15 mil
hectares, foi comprada em 2004 – por meio de depósito em um fundo
bancário. Outros 85 mil hectares foram anexados em uma segunda etapa.
"Tenho muito orgulho desse empreendimento, porque a Amazônia não é
apenas um tesouro dos brasileiros, mas um tesouro do mundo inteiro",
afirmou.AVENTURA - Em uma matéria publicada em julho pela agência de
notícias China News, Weiguang é apresentado como o primeiro
estrangeiro a ser proprietário de uma floresta no Brasil. "Ele é o
dono de praticamente tudo na floresta, incluindo plantas e animais e
vários outros recursos naturais", diz o texto. Os índios são descritos
como os detentores da maior parte dos recursos florestais primários.
"Eles vivem ali por gerações e se consideram defensores das florestas.
Ele (Weiguang) precisa pedir permissão dos caciques se quiser comprar
alguma área". No ano passado, a Shanghai Anxin bancou uma viagem de um
grupo de índios bakairi para uma apresentação cultural na China (ver
matéria). Na matéria da ChinaNews, é apresentada uma foto do
empresário juntamente com dois índios da etnia – que detém, em duas
áreas demarcadas, o usufruto de 96,8 mil hectares. Para o procurador
da Funai, o empresário pode estar a receber vantagens comerciais em
seu país em função da alegada compra. "Não sabemos nem se ele já não
está explorando esta área que diz ser sua. Mas, mesmo que seja apenas
uma bravata da parte dele, não podemos permitir que isto continue".

Lu Weiguang bancou uma viagem de um grupo de índios bakairi à China,
no ano passado, para uma apresentação cultural no país [Reprodução
China News].

Fonte: Clipping da 6ªCCR do MPF

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