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Cheia faz ONS desligar usina do Rio Madeira

OESP, Economia, p. B22
26 de Fev de 2014

Cheia faz ONS desligar usina do Rio Madeira
Hidrelétrica Santo Antônio teve de paralisar turbinas para evitar acidentes e inundações

Reneé Pereira - O Estado de São Paulo

A cheia histórica que atinge o Rio Madeira, em Rondônia, obrigou a Hidrelétrica Santo Antônio a desligar todas as turbinas em operação. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a usina parou de funcionar no início da semana por uma questão de segurança.
Na semana passada, 11 das 14 máquinas em operação já haviam sido paralisadas. Mas, como o nível do rio continuou elevado, decidiu-se por paralisar tudo, afirmou um técnico do ONS. Jirau, que também fica no Madeira, continua com quatro turbinas em operação.
Segundo o ONS, as duas usinas estão em final de obra e ainda têm estruturas frágeis, provisórias, em algumas áreas. Com essa quantidade de água, o risco de ocorrer um acidente poderia aumentar.
A Hidrelétrica de Jirau, por exemplo, pediu à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e à Agência Nacional da Água (ANA) que Santo Antônio abrisse suas comportas para evitar acidentes em sua ensecadeira - estrutura provisória que protege as turbinas enquanto se executa uma obra no local.
Santo Antônio estaria mantendo o nível do reservatório acima do estipulado pela ANA. Em determinado momento, a usina chegou a operar acima da cota de 75 metros.
Segundo o ONS, a paralisação da usina também tem o objetivo de evitar que as comunidades ribeirinhas sofram ainda mais com as enchentes, assim como a população de Porto Velho. O Rio Madeira atingiu seu maior nível desde 1997, chegando na segunda-feira a 18,43 metros. A cheia trouxe o caos para a capital de Rondônia, com milhares de pessoas desabrigadas. O Estado do Acre ficou ilhado, com a interdição de rodovias federais que foram inundadas pelas águas.
Os estragos provocados pela cheia deram nova munição para ambientalistas e para o Ministério Público Federal, que sempre foram contrários à construção das hidrelétricas - leiloadas em 2007 e 2008 pelo governo federal. De alguma forma, eles atribuem parte dos estragos aos dois empreendimentos. Segundo fontes, ao passar pelas turbinas, a água ganha velocidade e provoca grandes ondas, chamadas de banzeiros.
Causas. Na semana passada, foram realizadas audiências públicas para discutir as possíveis causas e soluções para o problema. Entre as medidas discutidas está a proposta de revogação da lei que assegura benefícios fiscais aos consórcios responsáveis pela construção das duas hidrelétricas. Também se cogitou a criação de uma CPI para inspecionar as indenizações e aplicações dos recursos das compensações das usinas.
Segundo o Ministério Público, tanto a esfera federal como a estadual tentaram de todas as formas impedir o licenciamento das usinas, mas não tiveram sucesso. Durante todo o processo, foram cerca de 20 ações civis públicas contra os empreendimentos.
Compensação. A paralisação de Santo Antônio terá de ser compensada pelas hidrelétricas do Sul e Sudeste, que vivem período completamente oposto das usinas do Rio Madeira. A estiagem que atingiu as duas regiões no início deste ano reduziu de forma preocupante o nível dos reservatórios a ponto de especialistas cogitarem a possibilidade de novo racionamento no País - o que foi afastado pelo Governo Federal. Jirau e Santo Antônio estavam injetando cerca de 600 megawatts médios no sistema, sendo que uma parte desse volume vinha para o Sul.

OESP, 26/02/2014, Economia, p. B22

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