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Centro gera renda para 100 aldeias

A Crítica-Manaus-AM
29 de Mar de 2003

A Associação de Produção e Cultura Indígena Yakinõ tem em sua sede, na rua Bernardo Ramos no 60, Centro (Zona Sul), seis mil peças diferentes de 43 povos indígenas. É o resultado do trabalho direto de 500 artesãos e está gerando renda para mais de 100 aldeias onde é feito e ao mesmo tempo representa um resgate cultural.

Antes da organização dos povos indígenas a comercialização do artesanato estava nas mãos de atravessadores. "Eles roubavam, exploravam muito os nossos parentes", diz o coordenador da associação, Ismael Tariano, 38. Os produtos eram comprados por baixo valor e vendidos com 100% de acréscimo. "Yakinõ está conseguindo mudar isso", completa.

O artesanato é trazido para Manaus e o produtor recebe o pagamento quando a venda é efetuada. Há uma preocupação em explicar o processo de produção aos indígenas desde o momento da retirada do cipó, por exemplo, até a comercialização do objeto.

Mesmo que ainda não faça parte do roteiro oficial de turismo da capital, a sede da Yakinõ já recebe a visita de alguns turistas e a associação tem participado de eventos em outros Estados e até no exterior. Ismael diz que uma exposição feita no Museu Britânico, em Londres, em janeiro do ano passado, foi produtiva. Para este ano há previsão de espaços na Itália para o artesanato indígena da Amazônia.

Há uma particularidade na economia dos povos indígenas que a associação deixa claro aos clientes - não há como pensar em grandes volumes a curto prazo. Quem quiser encomendar mil peças deve ter paciência de esperar a entrega no prazo de um ano e não em dois ou três meses. Cada desenho tem um significado, um valor cultural, portanto não há como imaginar para eles uma linha de produção de onde saiam produtos em série. Além disso eles têm que reservar um tempo para caçar, pescar, fazer roça, porque o artesanato não é a atividade única. Ismael diz que há também a considerar a localização das comunidades. No caso da cestaria, tão admirada, é produzida pelos ticunas no Alto Solimões e pelos baniva e barés do rio Negro.

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