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03 de Mai de 2024
Censo 2022: em mais de 4 mil cidades com registro de indígenas, 61,8% da população são de mulheres
Segundo o IBGE, a maior presença de mulheres fora das comunidades pode estar associada à uma sobremortalidade materna e à migração feminina em busca de trabalho e estudo
Pâmela Dias
03/05/2024
Entre os mais de 4 mil municípios do país onde houve registro de pessoas autodeclaradas indígenas, cerca de 61,81% da população são mulheres. Esse cenário muda, no entanto, ao fazer um mapeamento dentro dos territórios. Nas comunidades tradicionais, os homens somam 71,48% dos habitantes. Os dados são do Censo 2022, divulgados nesta sexta-feira (3) pelo IBGE.
Em 2022, a razão de sexo geral entre os indígenas era 97,07, indicando que para cada 97 homens foram identificadas 100 mulheres indígenas. O número representa uma redução de pessoas do sexo masculino, visto que em 2010 os homens eram maioria: 101,67 para cada 100 mulheres.
De acordo com o coordenador de estruturas territoriais da diretoria de geociências do IBGE, Fernando Damasco, historicamente no país nascem mais homens que mulheres. Contudo, a predominância de pessoas do sexo masculino dentro das terras indígenas e a maior presença de mulheres fora das comunidades pode estar associada à uma sobremortalidade materna e à migração feminina em busca de trabalho e estudo.
- Nos territórios há predominância masculina que pode ser por influência de mortalidade materna e migrações. As migrações também explicariam o fato de existirem mais mulheres indígenas fora das comunidades tradicionais - explica Damasco.
Número de indígenas cresceu 88%
Em 2022, o número de indígenas residentes no Brasil foi de 1.693.535 pessoas, o que representava 0,83% da população total do país. Em 2010, o IBGE contou 896.917 mil indígenas, ou 0,47% do total de residentes no território nacional. Isso significa que esse contingente teve uma ampliação de 88,82% desde o Censo Demográfico anterior. Esse aumento expressivo pode ser explicado também por mudanças metodológicas, que contou com a participação das próprias lideranças das comunidades no processo de coleta de dados e passou a considerar outras localidades indígenas além das terras oficialmente delimitadas.
- Só com os dados por sexo, idade e etnia e os quesitos de mortalidade, fecundidade e migração será possível compreender melhor a dimensão demográfica do aumento do total de pessoas indígenas entre 2010 e 2022, nos diferentes recortes. Além disso, existe o fato de termos ampliado a pergunta 'você se considera indígena?' para fora das terras indígenas. Em 2010, vimos que 15,3% da população que respondeu dentro das Terras Indígenas que era indígena vieram por esse quesito de declaração - explica Marta Antunes, responsável pelo projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
Maioria da população mora fora de Terras Indígenas
Quando considerada a totalidade de indígenas vivendo no país, 622,1 mil (36,73%) residiam em Terras Indígenas e 1,1 milhão (63,27%) fora delas. Três estados respondiam por quase metade (46,46%) das pessoas indígenas vivendo nas terras indígenas: Amazonas (149 mil), Roraima (71,4 mil), e Mato Grosso do Sul (68,5 mil).
O Sudeste era a região com a maior proporção de indígenas que viviam fora desses territórios delimitados (82,56%), seguido do Nordeste (75,43%) e do Norte com 57,99%. Somados, Amazonas e Bahia concentravam 46,46% do total de indígenas nessa situação geográfica no país.
A maior parte dos indígenas do país (51,25%) vivia na Amazônia Legal, região formada pelos estados do Norte, Mato Grosso e parte do Maranhão. O Norte concentrava 44,48% da população indígena do país em 2022. Outros 31,22% estavam no Nordeste.
Além disso, o Censo mostrou que a Terra Indígena Yanomami, no Amazonas e Roraima, era a que tinha o maior número de pessoas indígenas (27.152), seguida pela Raposa Serra do Sol (RR), com 26.176 habitantes indígenas, e pela Évare I (AM), com 20.177.
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