GM, Energia, p.A8
02 de Jul de 2004
Cemig investe em pesquisa para produção de energia solar
Empresa faz parte de projeto para aumentar valor do silício brasileiro. A Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) investe R$ 5 milhões em pesquisa de fontes alternativas de energia. Em parceria com a Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), está formatando um projeto para fabricar células solares por meio de silício metálico. O material é encontrado em grande escala em Minas Gerais, mas é exportado em sua fase primária por falta de tecnologia nacional para fabricação do silício grau eletrônico, principal matéria-prima da indústria eletroeletrônica.
Desde 1999, as duas instituições desenvolvem estudos laboratoriais para a produção do silício grau eletrônico, e investiram R$ 2 milhões nesta etapa. Ontem, em Belo Horizonte, foi assinado um acordo de cooperação para desenvolvimento de um pólo tecnológico e industrial de silício grau eletrônico no Estado. Com a finalização das pesquisas e o início de produção, prevista para 2007, Minas Gerais pode vir a ser o primeiro estado a dominar essa tecnologia e a produzir esse material, atualmente obtido apenas por importação.
Além das duas entidades, faz parte do acordo o Sindicato das Indústrias de Ferroligas e Silício Metálico (Sinfersi), formado por 12 empresas que fabricam o silício metálico, produto oriundo do quartzo, e que fornecerão o produto para a pesquisa. O mineral tem no estado de Minas Gerias suas maiores jazidas no Brasil.
O cronograma estabelecido pelo grupo de trabalho prevê o final das pesquisas para daqui a três anos, quando a tecnologia estará suficientemente testada e madura, podendo ser disponibilizada para a produção industrial. Segundo a coordenadora de projetos da Cemig, Antônia Sônia Alves Cardoso Diniz, o principal foco é desenvolver tecnologia para captar energia solar por meio das células de silício a serem produzidas ao final das pesquisas.
"Em 2007 iremos transferir tecnologia para as empresas fabricarem as células solares em escala industrial no estado", disse. Ela afirmou também que o pólo produtor ainda não tem local definido para ser constituído. As pesquisas ocorrem na Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (Cetec), em Belo Horizonte, ligada à Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.
Antônia informou que no Brasil são gerados 10 megawatts de energia fotovoltáica, toda oriunda de equipamento importado, principalmente da Alemanha, Estados Unidos e Japão. "Quando iniciarmos a produção aqui no País, as empresas poderão negociar a tecnologia para atender a eletrificação rural, escolas, plataformas marítimas e áreas afastadas das redes elétricas", disse.
Desenvolvimento econômico
"Esse acordo reafirma o interesse do governo de Minas Gerais no desenvolvimento dessa tecnologia e de sua industrialização no território mineiro, o que vai contribuir para a geração de emprego e renda, além de promover o desenvolvimento econômico e a inclusão social", disse o vice-presidente da Cemig, Francisco Sales Dias Horta.
Segundo dados do Sindicato das Indústrias de Ferroligas e Silício Metálico no Estado de Minas Gerais, o estado é o maior produtor e exportador nacional de silício metálico. O produto vai para os mercados japonês, europeu e americano para a produção de chips, filmes finos e células solares, entre outros. A matéria-prima brasileira retorna, em forma de silício grau eletrônico, com valor 60 vezes maior.
kicker: Produto é exportado para Japão, Europa e EUA, e volta ao Brasil 60 vezes mais caro
GM, 02-04/07/2004, p. A8
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