VOLTAR

Ceará terá 12 escolas indígenas

O Povo-Fortaleza-CE
25 de Nov de 2002

O Governo do Estado promete construir, no próximo ano, 12 escolas indígenas em aldeias do Ceará. O convênio entre a Secretaria da Educação Básica e Funai foi assinado na manhã de ontem na presença de representantes de 11 etnias

Índios de 11 etnias, dançando o torém, celebraram a implantação da educação indígena nas aldeias do Ceará. Durante a dança, choveu forte no Palácio do Cambeba, em Fortaleza, onde estava sendo realizada a assinatura do convênio de cooperação técnica entre o Governo do Estado, a Fundação Nacional do Índio (Funai) e o Banco Mundial, destinado à construção de 12 escolas de Ensino Fundamental pra Educação Indígena. ''Os deuses estão agradecendo com chuva os benefícios que a gente vai ter'', observaram caciques logo que começou a chover. A solenidade foi realizada no pátio interno da Secretaria da Educação Básica do Estado do Ceará (Seduc) com a presença de prefeitos municipais e secretários da Educação de várias cidades. Os índios aproveitaram a solenidade para divulgar o artesanato e vender algumas peças.

O convênio prevê que as escolas funcionarão dentro do padrão concebido pelos índios. Um desenho mostrando a concepção de escola que a comunidade indígena deseja foi elaborado por representantes das etnias e entregue a um arquiteto, que ficou responsável pela elaboração do projeto. Das 12 escolas a serem construídas, duas vão atender à comunidade Tapeba (Caucaia), duas aos Pitaguarys (Maracanaú) e duas para a etnia Tremembé (Itarema). Cinco vão ser distribuídas com Jenipapo-Kanindé (Aquiraz), Kariri (Crateús), Kanindé (Aratuba), Tabajara (Poranga) e Potiguara (Monsenhor Tabosa), além de uma para atender Potiguara, Tabajara e Kalabaça, todas em Crateús.

Segundo Jaime Cavalcante, titular da Seduc, a distribuição das escolas foi feita pela comunidade indígena obedecendo alguns critérios. Foram priorizados o tamanho da etnia, o maior número de alunos e de crianças na Educação Infantil. A reivindicação para a implantação das escolas ocorreu durante reunião realizada pela Seduc com representantes dos índios em agosto último. Na ocasião, os caciques pediram que as futuras escolas sejam construídas fora do padrão convencional, ou seja, com currículo próprio de acordo com a realidade de cada aldeia.

No Ceará, existem mais de 20 idiomas indígenas ainda usados. Em algumas aldeias há uma preocupação de manter a cultura, especialmente a oral. No município de Crateús, por exemplo, os índios prepararam um dicionário da língua Tupi para que o idioma não seja esquecido. Mas, os próprios índios reconhecem que muito da cultura já desapareceu.

Com um custo total de R$ 2 milhões, assegurados através de convênio firmado entre a Secretaria da Educação e o Banco Mundial, as escolas começam a ser construídas em março de 2003. A previsão do secretário Jaime Cavalcante é de que as aulas se iniciem em agosto do próximo ano. O secretário garante que 143 professores indígenas foram capacitados e serão remunerados de acordo com os educadores do Estado. Jaime Cavalcante ressaltou que todas as etnias vão ter livros próprios contando a sua histórias. Já foram confeccionados os livros das aldeias Tremembé, Tapeba e Potiguara.

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.