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Causa indígena no foco das discussões

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Shirley Cruz
19 de Abr de 2002

Os povos indígenas do Brasil estão sendo alvos neste ano de uma reflexão mais coordenada. Isso porque a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) destinou a Campanha da Fraternidade de 2002 para a discussão da causa indígena. Como órgão anexo da CNBB, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), criado em 1972, está à frente da campanha, iniciada em fevereiro e que somente se concluirá com o lançamento da campanha do próximo ano. Até lá, os 11 núcleos do Cimi no País, incluindo o Cimi Goiás/Tocantins, estarão coordenando ações, projetos e eventos que tenham o índio como centro do debate nacional e local. Estarão ainda, de forma especial, discutindo a luta pela terra, que é essencial na vida e sobrevivência física e cultural dos índios.

Nesta data em que se comemora o Dia do Índio - 19 de abril - a CNBB e o Cimi já vêm, desde a última quarta-feira, trabalhando a Semana dos Povos Indígenas. A semana visa trabalhar o tema da campanha, que é Fraternidade e Povos Indígenas e lema Por Uma Terra Sem Males, com apresentação de vídeos sobre temas indígenas em escolas do Estado. "É a forma de envolvermos a sociedade na discussão da causa indígena", explicou a presidente do Cimi-GO/TO, Laudovina Aparecida Pereira.

Hoje, às 15 horas, será também lançada no Colégio Frei Antônio, em Tocantínia, a Cartilha da Língua Xerente. São cerca de 250 exemplares, que serão distribuídos aos Xerente. Em todo o País, a campanha deverá atingir os 350 mil índios, distribuídos entre os 216 povos catalogados no País, que falam 180 línguas nativas.

No Tocantins, o Cimi-GO/TO está, em conjunto com todas as arquidioceses, dioceses, prelazias, realizando debates não só com as comunidades católicas, mas com toda a sociedade civil organizada, sempre, é claro, tendo a participação dos índios tocantinenses. Aqui no Estado, eles estão divididos em oito etnias e somam pouco mais de 7.193 habitantes e ocupam uma área de 2.366.053 habitantes, segundo dados do Departamento de Documentação da Fundação Nacional do Índio (Funai).

Mudança
Um dos principais resultados da Campanha da Fraternidade 2002 sobre os Povos Indígenas foi, na avaliação da presidente do Cimi Goiás/Tocantins, Laudovina Aparecida Pereira, o desejo de mudar de atitude que as pessoas tiveram ao conhecer um pouco mais a realidade deles. "Notamos que houve um desejo de se comprometer com a causa indígena, começando pelo trabalho, lar e escola", afirmou.

Laudovina informou que em municípios como a Lagoa da Confusão, a Campanha da Fraternidade contou e conta com a participação de Igrejas Cristãs, como a Batista e a Assembléia de Deus. Em outros lugares, as reflexões ajudaram pessoas, que escondiam sua identidade étnica, a assumirem com orgulho o Ser Índio.

Cultural
Quando iniciou a Campanha da Fraternidade, em fevereiro, numa grande festa em Tocantínia, foi lançada a Casa Cultural do Índio, cuja responsabilidade ficou a cargo da Fundação Fé e Alegria. Segundo o padre Felipe Biekman, um dos principais articuladores das ações da Campanha da Fraternidade 2002 na Arquidiocese de Palmas, o trabalho com os povos indígenas não terminou com o findar da Quaresma. "Ele prossegue durante todo o ano", disse ele, ressaltando que há muito o que se fazer pela causa índia.

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