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Catorze crianças Xavante estão internadas com sintomas de pneumonia

Site da Funai
04 de Ago de 2004

Aumentou para 14 o número de crianças internadas em hospitais públicos de Água Boa e Canarana com sintomas de pneumonia e desnutrição. A pneumonia já fez três vítimas nos limites da Terra Indígena Marãiwatsede, no Mato Grosso, onde sobrevivem em um acampamento à beira da rodovia BR 158, 480 índios Xavante. Desse total, perto de 150 são bebês e crianças.

Nesta quarta-feira (4), a Fundação Nacional de Saúde (Funasa), após gestões da presidência da Funai junto ao órgão, enviou uma equipe de médicos e enfermeiro à região, além de um veículo para dar suporte às ações de saúde. A previsão é de que amanhã (5) outra equipe de nutricionistas, enfermeiros e engenheiros sanitaristas também siga para o acampamento.

Há nove meses os Xavante tentam voltar para suas terras, mas uma liminar da Justiça impede que as famílias reocupem as áreas declaradas pelo governo brasileiro como território tradicionalmente indígena.

No último dia 29, duas crianças de apenas um ano de idade, faleceram. Elas apresentavam um quadro clínico de pneumonia e desnutrição. No dia seguinte, outra criança, na mesma faixa etária também não resistiu à gravidade dos problemas respiratórios. Atualmente, 14 crianças permanecem internadas em hospitais municipais sintomas semelhantes. A morte dos bebês e as internações constantes contribuem para tornar o clima mais tenso na região.

A Funai mantém cinco servidores no local, na tentativa de controlar a situação e manter os índios longe de eventuais confrontos com fazendeiros que invadiram suas terras e se recusam a reconhecê-las como terras indígenas.

Histórico - A Terra Indígena Marãiwatsede, situada no município de Alto Boa Vista (MT), com 165 mil hectares, está demarcada e homologada pela Presidência da República desde 1998. Na década de 60, os Xavante foram expulsos e transportados, em aviões oficiais, com a ajuda de padres Salesianos, para outras áreas Xavante, quando o Governo de Mato Grosso vendeu a área a um grupo de usineiros do interior de São Paulo. Somente nos primeiros dias após a transferência, morreram de sarampo 64 índios.

Nove meses atrás os índios resolveram voltar para as terras que, agora, "lhes pertencem de fato e de direito, mas mesmo sendo os seus legítimos donos, continuam fora delas, por decisão do Juiz José Pires, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso", explica Edson Beiriz, administrador da Funai em Goiânia.

De acordo com Beiriz, eles não têm as mínimas condições de higiene, vivem em barracas de lonas plásticas, bebem água contaminada por coliformes fecais e aspiram a poeira da estrada. Sem pode plantar, caçar ou mesmo coletar frutos silvestres, atividades principais do grupo, os índios estão recebendo 400 cestas básicas fornecidas pela Funai.

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