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Carvão gera desmate na bacia do São Francisco

OESP, Vida, p. A17
23 de Jul de 2009

Carvão gera desmate na bacia do São Francisco
Cinco municípios com maior produção são de Minas Gerais; em toda a região, foram 349 mil toneladas extraídas de madeira durante sete anos

Felipe Werneck e Ivana Moreira

O desmatamento para a produção de carvão ainda afeta gravemente a região da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O carvão vegetal abastece principalmente a indústria siderúrgica de Belo Horizonte (MG).

O estudo foi encomendado pelo Ministério do Meio Ambiente, que pretende concluir até 2010 o zoneamento ecológico-econômico da bacia. A região - formada por 506 municípios de Minas, Bahia, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Paraíba e Distrito Federal - representa 7,5% do território nacional e abrange 9,6% da população. São de Minas os cinco municípios de maior produção de carvão: Buritizeiro (34.686 toneladas em 2007), João Pinheiro (31.900), Pompéu (18.421), Felixlândia (17.826) e Corinto (16. 201).

Em toda a região, foram extraídas 349 mil toneladas no período, 13,8% da produção nacional. Os dados de extração vegetal são referentes a madeira nativa - não incluem os de silvicultura (florestas plantadas). Neste caso, a produção na bacia atingiu 1,725 milhão de tonelada em 2007 (45% do total no País). De novo, municípios mineiros são os maiores produtores: Lassance (336.868 toneladas), Buritizeiro (261.868), Curvelo (189.570), Três Marias (125.873) e João Pinheiro (125.441). O levantamento inclui extrações autorizadas.

Além de Minas, são destacadas Xique-Xique (BA) Chapada do Araripe, na divisa de Ceará, Piauí e Pernambuco. "O problema aqui é a lenha usada na produção de gesso. Estão acabando com a caatinga", diz o engenheiro florestal Iêdo Bezerra Sá, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do semiárido, em Petrolina (PE), que colaborou com o IBGE. O responsável pelo zoneamento da região, Luis Mauro Ferreira, da Secretaria de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do ministério, reconhece que o uso da lenha "é amplo". "O problema não ocorre só no norte de Minas, para consumo em siderúrgicas e olarias. No resto da bacia, é a única fonte de energia", diz. "Temos feito um trabalho de recuperação de áreas degradadas e de mudança da matriz energética. O mais difícil é fazer chegar a informação para a população local." O estudo aponta que só 7 dos 506 municípios têm alguma representação do Ibama.

Para o secretário da Agricultura de Minas, Gilman Vianna, é preciso adotar medidas para ampliar a área de floresta plantada.

OESP, 23/07/2009, Vida, p. A17

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