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CARMEM JUNQUEIRA- Questão indígena mudou pouco no governo Lula, diz antropóloga

Brasil Norte-Boa Vista-RR
23 de Jan de 2004

Ela diz que da homologação de Raposa/Serra do Sol, feita em dezembro pelo ministro da Justiça, pode significar uma mudança na postura do governo federal

Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, a antropóloga Carmem Junqueira, indicada para integrar o Conselho Indigenista da Funai, disse que a política relativa aos índios mudou muito pouco desde o início do governo do presidente Luiz Inácio da Silva, em 2003.
Segundo ela, no entanto, com a posse do novo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, em setembro de 2003, "as coisas começaram a se mexer". Para ela, a falta de estrutura da Funai é histórica.

"Em todos os governos, nunca houve uma prioridade acentuada para as questões indígenas", disse. "A Funai é um órgão limitado diante da realidade brasileira, e os problemas indígenas estão mexendo com interesses grandes."
Para Junqueira, o mais grave é que o Congresso Nacional tem uma posição "antiindígena", o que ameaça eventuais avanços na política indigenista no país.

Pró-civilizaçao
"São ruralistas, 'pró-civilização', enfim, são antiindígenas. O medo dos antropólogos é de não termos força [política] para segurar [a aprovação] de alguns temas que entrem no Congresso", disse. Para o Cimi (Conselho Indigenista Missionário), a falta de iniciativa do atual governo em adotar uma política indigenista abriu espaço para que grupos "antiindígenas avançassem". Segundo o secretário-executivo do Cimi, Eden Magalhães, as populações indígenas ficaram frustradas com a demora do governo federal em colocar em prática as promessas de campanha.

Roraima
Para Magalhães, o anúncio da homologação da terra indígena Raposa/Serra do Sol, feita em dezembro pelo ministro Márcio Thomaz Bastos (Justiça), foi "muito importante" e pode significar uma mudança na postura do governo federal.
"A gente crê que com a homologação da [Raposa/Serra do Sol] o governo venha a dar uma virada em tudo aquilo que não aconteceu em 2003. Nós acreditamos que é possível", disse Magalhães.

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