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Cargill inaugura hoje porto graneleiro

O Liberal-Belém-PA
14 de Abr de 2003

Uma programação durante o dia todo marca hoje a festa de inauguração do porto graneleiro da Cargil em Santarém, que começou a ser construído em julho do ano passado e consumiu cerca de 20 milhões de dólares. A inauguração da obra será um marco na história econômica da região, com um aumento significativo na balança comercial do município, e a introdução da cultura da soja no Baixo Amazonas.

A solenidade está marcada para 11 horas da manhã, com a presença dos governadores do Mato Grosso, Blairo Maggi, do Amazonas, Eduardo Braga e o diretor geral do Departamento Nacional de Infra-Estrutura Terrestre - Denit -, Ricardo Corrêa, representando o Ministério dos Transportes. O governador do Pará, Simão Jatene também mandará representante.

Sábado, a direção local do PT informou que a futura diretora da Agência de Desenvolvimento da Amazônia - ADA -, Maria do Carmo, também deverá estar presente. A presença de outros representantes regionais do governo Lula estava dependendo de uma reunião que essas lideranças estavam realizando em Manaus.

O presidente da multinacional no Brasil, Eduardo Barroso dará uma entrevista coletiva à imprensa, às 9 horas e a programação terá continuidade pela parte da tarde na área da empresa, com a presença de conjuntos musicias e outras atrações.

O complexo graneleiro da maior exportadora brasileira de soja em grãos, implantado numa área de 45 mil metros quadrados arrendada da Companhia Docas do Pará, é um dos mais modernos do mundo, com capacidade para movimentar até um milhão de toneladas anuais, meta que a empresa pretende atingir no quinto ano de operação com o fluxo de produção do Mato Grosso e do Pará.

A solenidade oficial vai marcar o início das exportações pelo porto, que tem capacidade para armazenar até 60 mil toneladas de grãos. O navio Anna, de bandeira liberiana, atracou ontem nas instalações da empresa, depois de três dias fundeado no rio Tapajós à espera da equipe técnica vinda de Manaus para fazer a atracação através de empurradores.

O primeiro navio a atracar nas instalações da Cargill em Santarém, com capacidade para 60 mil toneladas, está sendo carregado com soja vinda do Mato Grosso através dos rios Madeira e Amazonas. Há cerca de um mês, comboios de barcaças carregadas de soja estão chegando a Santarém. O navio está sendo recebendo somente 35 mil toneladas porque as fortes chuvas que caíram em Santarém nos últimos dias atrasou o desembarque da soja embarcada em Porto Velho.

O gerente geral da empresa em Santarém, Antenor Giovaninni disse que a soja vinda do Mato Grosso por via fluvial já é adquirida dentro dos padrões de secagem e limpeza exigidas pela Associação Nacional dos Exportadores, sem necessitar de nenhum tratamento antes de ser exportado. Com a produção de Santarém, a partir do ano que vem, o procedimento será diferente, uma vez que muitos plantadores são iniciantes no ramo e ainda estarão se adequando às normas de qualidade exigidas pelo mercado externo. Mas a empresa está equipada para vencer todas as etapas.

A previsão para o primeiro ano de atividades do porto graneleiro de Santarém é exportar 300 mil toneladas de soja matogrossense. Mesmo assim, o programa de incentivo à produção local, iniciado em 1997, patrocinou o plantio de sete mil hectares na região do Baixo Amazonas, este ano. Numa previsão pessimista, segundo Giovaninni, a produção local deverá ficar em torno de 20 mil toneladas, considerando uma média de 45 sacas/hectare, embora alguns produtores mais experientes já tenham conseguido colher acima de 50 sacas/ha.

Para o próximo ano agrícola, a expectativa é estender o plantio de soja na região para 20 mil hectares, elevando a produção para 60 mil toneladas, o que ainda representa muito pouco no volume de exportação da empresa. Assim, o porto graneleiro continuará dependendo em grande parte da soja produzida no Mato Grosso, que continuará sendo trazido para Santarém em balsas, através dos rios Madeira e Amazonas.

Empresa não descarta corredor rodoviário pela Cuiabá-Santarém

A instalação da Cargill em Santarém levou em conta a boa qualidade das terras para a produção de grãos que permite duas safras anuais, a proximidade do porto fluvial com os mercados consumidores da Europa e Estados Unidos e a viabilização do corredor rodoviário pela Cuiabá-Santarém, com o escoamento de toda produção graneleira do Norte do Mato Grosso.

Nesse sentido, a multinacional apostou na sua capacidade de mobilização e, junto com produtores mato-grossenses, promoveu duas manifestações, apelidadas de caminhonaços, que mobilizaram mais de 500 veículos rumo à Santarém. A última foi realizada em agosto passado (saindo de Lucas do Rio Verde até Santarém) e durou seis dias, mas ainda não conseguiu o principal objetivo que era conseguir verbas do Governo Federal para continuar o asfalto da rodovia.

Diante das dificuldades que envolvem a conclusão desse corredor rodoviário, a empresa fechou contrato com a transportadora Bertolini que está fazendo o carregamento da soja do oeste mato-grossense em Porto Velho (RO), descendo os rios Madeira e Amazonas em chatas até o porto de Santarém. Esse transporte deverá movimentar cerca de 300 mil toneladas/ano. A intenção, segundo Antenor Giovaninni, é aproveitar o retorno dessas balsas para levar insumos aos produtores de Rondônia e Mato Grosso.

O prefeito de Santarém, Lira Maia disse que a inauguração do porto graneleiro da Cargill significa a virada de mais uma página da história de Santarém, do Estado do Pará e da Amazônia. "Representa a consolidação do início de um processo de desenvolvimento, com base sustentável, com base na agricultura e na agropecuária, sobretudo porque é um local estratégico em relação ao país", disse. Para ele, o porto de Santarém representa o menor e melhor caminho para a saída da produção de grãos do Centro-Oeste em direção aos portos internacionais, com uma economia de U$ 30,00/ton.

O prefeito Lira Maia lembrou que a partir de 1997 o município de Santarém incentivou uma série de estudos básicos para levantar os potenciais madeireiro e de solo, além dos mapas de aptidão agrícola e fundiária. Estudo da cerâmica, da argila, dos minerais utilizados na construção civil, estudo da água, entre outros. Também foram feitas pesquisas da ocupação do espaço territorial de Santarém. Dentro desse processo de ocupação de espaço, foi desenvolvido o estudo de Zoneamento Agroecológico no município, com a participação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). No final dos estudos, os mapas cartográficos demonstraram cerca de 500.000 hectares de áreas alteradas, que podem ser utilizadas para a produção de grãos, sem maiores contestações ecológicas.

Após essa etapa vieram para Santarém empresários, produtores rurais que já fixaram negócios no município. Lira Maia disse que esse fato tirou Santarém da condição de simples exportador dos grãos produzidos no Centro-Oeste brasileiro, como era objetivo básico da BR 163 e o próprio sentimento dos santarenos

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