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Caranguejo-aranha, o invasor da Antartida

OESP, Geral, p.A13
26 de Jun de 2004

Caranguejo-aranha, o invasor da Antártida Brasileiros documentam 1.ª espécie exótica do continente, originária do Pólo Norte
HERTON ESCOBAR
Como é que um pequeno caranguejo-aranha que só existe no Pólo Norte chega até o Pólo Sul? Provavelmente pegando carona na água de lastro de algum navio, segundo pesquisadores brasileiros. Em um estudo publicado na última edição da revista Antartic Science, Marcos Tavares e Gustavo de Melo, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP), relatam o primeiro caso documentado de uma espécie invasora na Antártida.
Um casal dos caranguejos foi coletado há 20 anos por pesquisadores a bordo do navio Professor Besnard, do Instituto Oceanográfico da USP, durante uma expedição ao continente antártico. De volta ao Brasil, os exemplares foram entregues a Melo, que identificou a espécie: Hyas araneus, originária do Pólo Norte. "Isso não poderia ocorrer", diz. "Não existe bipolaridade a nível de espécies."
A única explicação plausível é que os caranguejos atravessaram o globo dentro de um navio. Rússia e Dinamarca, por exemplo, possuem bases na Antártida e poderiam ter transportado a espécie na água de lastro de suas embarcações. Essa água é coletada no porto de origem e usada como peso para balancear o navio durante a viagem. No destino, é descartada, junto com qualquer animal ou planta que esteja junto. O problema é comum nos mares e rios de todo o mundo e torna-se mais preocupante com o aumento do turismo para o Pólo Sul.
"A Antártida tem uma ecologia extremamente balanceada", afirma Melo. "Se entra um bicho de outro lugar, a tendência é que haja um desequilíbrio." Os pesquisadores ainda não sabem, entretanto, se a espécie, coletada há 20 anos, conseguiu se fixar no continente. De uma forma ou de outra, observa Melo, o estudo mostra até que ponto a água de lastro pode contribuir para a dispersão de espécies invasoras.

OESP, 26/06/2004, p. A13

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