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Carajás já teria a metade da sua floresta destruída

O Liberal - www.orm.com.br
07 de Mar de 2010

Estudo revela ainda que o Tapajós teria a menor área desflorestada

Com uma extensão territorial de 1.247.702 km², mais de 7,3 milhões de habitantes, a maior província mineral do mundo, fartura de água doce e grande gerador de energia, rico em biodiversidade e recursos pesqueiros, mesmo assim o Pará é um "pobre gigante", com índices de desenvolvimento humanos comparados a miseráveis países africanos. Mas será que dividido e com tantas riquezas repartidas será forte, educado e civilizado, tecnologicamente e cientificamente avançado, economicamente sustentável? Quais os destinos das populações de cada região com a manutenção do Pará de hoje ou com a desejada divisão a partir de tantos interesses? Para esclarecer um pouco mais algumas dúvidas, O LIBERAL reproduz opiniões de pesquisadores publicadas em artigos na Revista de Estudos Paraenses, do Instituto de Desenvolvimento Econômico, Social e Ambiental do Pará (Idesp), lançada em maio de 2008.

Um dos artigos publicados na revista, de autoria dos pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, Leandro Ferreira, biólogo, Ima Vieira, engenheira agrônoma e ex-diretora da instituição, e Eduardo Lauande, em memória, sob o título "A Configuração do Desflorestamento e das Áreas Protegidas nos Diferentes Territórios Propostos na Divisão do Pará", é uma das novidades para esclarecer sobre a conservação da biodiversidade na região, frente ao avanço da fronteira agrícola, pecuária e exporação madeireira. Os autores usam as Unidades de Conservação (proteção integral, uso sustentável e terras indígenas) e os dados sobre o desflorestamento para analisar como ficariam o Pará e os novos estados. Hoje, o Pará tem 218.369 km² de área desflorestada, o correspondente a 17,5%. Quando os autores consideram a proposta da divisão do estado em três diferentes territórios (do Pará, Tapajós e Carajás), com a divisão, os possíveis estados do Pará e Carajás ficariam com 30,7% e 41,1%, respectivamente, de área desflorestada, enquanto o Tapajós teria apenas 6,6%. Esses índices, segundo os pesquisadores, são puxados pelo desflorestamento em municípios como Parauapebas, São Félix do Xingu e Ourilândia do Norte, com 80,7%, 51,4% e 69,7% de desflorestamento.

Considerando a divisão, o território do Pará teria 54,2% de área de floresta, 8,1% de não-floresta, 7% de hidrografia e um terço desflorestado. Já o estado do Carajás teria 51,3% de floresta, 1,6% de hidrografia, 6% de não-floresta e já nasceria com quase a metade de sua floresta totalmente destruída, enquanto o Tapajós teria 85,5% de floresta, 2,8% de hidrografia, 5% de não-floresta e, do ponto de vista da conservação, seria beneficiado com pouco desflorestamento. Os pesquisadores indicam que a maior proporção de área desflorestada que ficaria para os dois estados se deve à ocupação mais antiga da região Bragantina, e das rodovias Belém-Brasília, Transamazônica e PA-150, enquanto o Tapajós teria os menores índices em função de grandes áreas protegidas em seus municípios.

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