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Canaviais crescem com avanço sobre pastos

FSP, Dinheiro, p. B4
22 de Abr de 2008

Canaviais crescem com avanço sobre pastos

Gitânio Fortes
Da Redação

Os canaviais no país avançam sim, mas não sobre o espaço usado para o plantio de outras lavouras. É o que se infere do cruzamento da evolução da área usada pela agropecuária no país. De 2001 a 2007, os plantios cresceram 24%, para 63,1 milhões de hectares, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Os números incluem, além da cana-de-açúcar, culturas perenes como café, cacau e laranja.
Proporcionalmente, a cana cresceu bem mais, 54% -para 7,7 milhões de hectares. O aumento de 2,7 milhões de hectares equivale justamente ao que a pecuária perdeu nesta década. Segundo estimativa da Scot Consultoria, a partir de dados do IBGE, o cultivo de pastagens encolheu de 179,2 milhões para 176,5 milhões de hectares. De 2001 a 2007, a área com soja passou de 13,9 milhões para mais de 22 milhões de hectares. A de milho, de 12 milhões para 14 milhões de hectares.
"A cana tem avançado sobre a área de pastagem degradada", diz Fabiano Tito Rosa, analista da Scot Consultoria. "Para o Brasil, a discussão dos organismos multilaterais da ONU [FAO, FMI e Banco Mundial, sobre a hipótese de o plantio de biocombustíveis roubar espaço da produção de alimentos básicos] não se aplica", afirma.
A redução de área da pecuária vem sendo contornada pela intensificação da produção, diz Sérgio Torquato, pesquisador do Instituto de Economia Agrícola, da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. De 2001 a 2007, enquanto a área de pastagens recuou 1,5%, o peso total de carcaças de bovinos abatidos aumentou 61,9%, para 7,012 milhões de toneladas, diz Guilherme Bellotti de Melo, pesquisador do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da USP).
Para Fabiano Rosa, da Scot, o inconveniente do avanço da cana sobre as pastagens é o deslocamento dos rebanhos para o norte. Depois da exploração da madeira, as áreas desmatadas costumam ser ocupadas com o gado de corte.
Por ser uma atividade extensiva, que demanda espaço, o boi "procura" terra barata, em geral localizada nas regiões de fronteira agrícola, afirma José Vicente Ferraz, diretor técnico da consultoria AgraFNP.
Para evitar o desmatamento, Fabiano Rosa, da Scot, defende mais fiscalização e crédito para os pecuaristas adotarem mais tecnologia. Com isso, seria possível demandar menos pastagens para criação.

FSP, 22/04/2008, Dinheiro, p. B4

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