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Canal Futura exibe série que apresenta o olhar dos povos indígenas

Boletim Famaliá
Autor: Marcelo Manzatti
03 de Dez de 2006

As lentes do premiado cineasta Marco Altberg retratam a vida, as origens e os costumes de doze diferentes etnias indígenas brasileiras em episódios semanais que mostram visitas feitas por Aílton Krenak às aldeias de seus "parentes" índios.

Taru Andé: encontro entre o céu e a terra foi o primeiro episódio da série série Taru Andé que estreou no dia 26 de novembro, no Canal Futura.

Taru Andé, a série, é o olhar dos povos indígenas chegando sem filtros aos olhos do homem branco. E o que parecia uma oposição inconciliável transforma-se em identidade comum. Entre brasileiros. Entre seres humanos.
Os treze documentários retratam a vida, as origens e os costumes de doze diferentes etnias: Krenak, Pataxó, Maxacalí e Xacriabá, de Minas Gerais; Ashaninka, Yawanawá e Caxinawá, do Acre; Guarani, de São Paulo; Suruí e Gavião, de Rondônia; Xavante, do Mato Grosso; e Terena, do Mato Grosso do Sul.
O primeiro programa registrou o Festival de Cultura Indígena realizado anualmente na Serra do Cipó, em Minas Gerais. Foi este evento, o Taru Andé, que motivou a produção da série. Aílton Krenak, que organiza o encontro desde 1998, conta que a idéia partiu da vontade de retribuir a visita que recebia de seus "parentes" índios todos os anos. "Pensei que poderia, mais do que apenas visitá-los em retribuição, dar um jeito de compartilhar essa experiência", explica.
O espírito dos filmes é este: uma visita familiar. Aílton chega às aldeias e começa a conversar com os índios, que aos poucos revelam coisas que são importantes para sua vida coletiva. "A filmagem não podia interferir no ambiente. Quando visitamos um parente, não queremos gerar qualquer incômodo", diz Krenak. Cada documentário foi feito sem roteiro prévio, guiando-se apenas pelos frutos da convivência - que podia ser de cinco dias a até duas semanas inteiras - de Aílton com a tribo visitada. O ritmo dos filmes é coerente com a cultura indígena, tranqüila e sábia, em contraste com o estressante ritmo urbano que estamos acostumados a viver e ver.
O cineasta encarregado de cumprir esta sensível missão foi Marco Altberg. Autor do premiado documentário Noel Nutels (1975) - sobre a vida do médico que dedicou mais de três décadas aos povos indígenas e ajudou a criar o Parque Nacional do Xingu - Altberg sempre esteve atento à questão, e seu encontro com Aílton Krenak em um Taru Andé foi a centelha decisiva para o projeto nascer.
O entusiasmo foi mútuo, e nos últimos dois anos o índio Krenak e o branco documentarista fizeram um mergulho profundo de registro nas origens culturais indígenas brasileiras. Amigos, com os mesmos 53 anos, levaram os filhos para a estréia oficial da série, dia 16, no Jardim Botânico do Rio.
"A série é a visão de vida dos povos indígenas", resume Altberg. Ele, é claro, também aprendeu muito. "Quanto mais os centros urbanos se desenvolvem, pior fica a situação de quem vive da natureza. E pior também para quem vive nas cidades", diz, com simplicidade. Enxergando o óbvio que tantas vezes escapa à nossa racionalidade "civilizada".
Para Lúcia Araújo, gerente-geral do Canal Futura, o método de trabalho colaborativo favoreceu a produção dos documentários, fruto de conhecimentos compartilhados. "Este projeto combate nossa ignorância sobre o que somos e de onde viemos. Um dos objetivos do Futura é tirar da invisibilidade as diferentes culturas que nos constituem", disse Lúcia, no lançamento da série. Taru Andé é uma co-produção da Indiana M.Altberg com a Turner/CNN, e tem apoio da Ancine.
A partir de 26 de novembro, os programas estão indo ao ar aos domingos, 22h, com reprises às sextas, 20h30. Ainda é possível, então, assistir, nesta sexta-feira, 01 de dezembro, à reprise do primeiro episódio.

Conheça os três próximos episódios da série Taru Andé:

Pataxó - O Povo das Águas
3 de dezembro
Aílton Krenak visita em Minas Gerais a nova aldeia Pataxó Mouã Mimati. O professor e escritor Kanatyo fala sobre seus livros didáticos e o meio ambiente. O Cacique Makuki, irmão de Kanatyo, ensina às crianças o uso das plantas medicinais.

Xakriabá - O Povo Invisível
10 de dezembro
Emílio Xakriabá fala sobre o ecossistema do Vale do Peruaçu, em Minas Gerais, e sua importância para a sobrevivência dos Xakriabá, assim como a influência africana em sua cultura, com tambores, danças e a religiosidade. Neste episódio é apresentado o ritual Toré e também mitos e lendas do povo Xakriabá.

Krenak - Nosso Nome é Burum
17 de dezembro
Dona Laurita, guardiã da cultura e da língua Krenak, conta a origem mitológica de seu povo, cujo Deus se materializou em forma de Tamanduá. Fala também da importância do Rio Doce (Watú) para os Krenak. Aílton viaja ao Museu Kunstkamer, em São Petersburgo, na Rússia, para conhecer documentos, fotografias e objetos de seus ancestrais, coletados no início do século XX numa expedição científica.

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