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Campo Grande remunera fazendeiro por produzir água, mas esquece de rio

G1 - http://g1.globo.com/
28 de Ago de 2015

Município tem programa para remunerar os produtores de água.
Entretanto, rio Anhanduí sofre com esgoto clandestino e assoreamento.

A cidade de Campo Grande ao mesmo tempo que avança em iniciativas para preservar alguns dos principais mananciais que são responsáveis pelo abastecimento de água a sua população, como o córrego Guariroba, por exemplo, renega a segundo plano o seu principal rio, o Anhanduí, que sofre com a poluição e o assoreamento.

Com 40% da água que abastece a cidade vindo de um captação superficial do córrego Guariroba, a região da sua bacia, aproximadamente 36,2 mil hectares, desde 1995 é uma área de proteção ambiental (APA). E desde 2009, a prefeitura em parceria com a concessionária (Águas Guariroba) e a Agência Nacional de Águas (ANA) desenvolve um programa voluntário de restauração de potencial hídrico e do controle da poluição difusa no meio rural na bacia, o Programa Manancial Vivo (PMV).

O PMV prevê um pagamento por prestação de serviços ambientais (PSA) aos produtores rurais que, por meio de práticas e manejos conservacionistas e de melhoria da distribuição da cobertura florestal na paisagem, contribuam para o aumento da infiltração de água e para o abatimento efetivo da erosão, sedimentação e incremento de biodiversidade, ou seja, se tornem produtores de água.

A família do estudante de engenharia florestal Lucas Trindade, possui uma propriedade na região da APA do Guariroba e aderiu ao programa há cerca de cinco anos. Adotando uma série de medidas, como isolamento das áreas de nascentes para evitar a dessedentação do gado, recuperação da mata ciliar e instalação de curvas de nível nas áreas de pastagem para evitar o assoreamento e diminuir a velocidade da água da chuva, eles já conseguiram resultados significativos para a preservação dos mananciais.

"Antes a área era bebedouro do gado. Havia erosão e degradação. Depois que fizemos a contenção e o isolamento da área, a vegetação voltou a cresceu e várias nascentes que estavam secas voltaram a verter água", explica, completando que o pagamento pela prestação de serviços ambientais é um importante incentivo para os produtores da região.

"Temos um gasto e precisamos fazer investimentos para preservar as nascentes. Então, esse pagamento é interessante para nós e para todos os produtores da região", explica. No caso da família de Trindade, o valor do pagamento deve chegar a R$ 100 mil, na soma dos cinco anos.

O especialista em recursos hídricos Felipe Dias, disse que sem a preservação das nascentes essas áreas ficavam muito expostas e no período das chuvas um grande volume de sedimentos era arrastado para o leito dos córregos, causando erosão e assoreamento, o que impactava diretamente na quantidade e qualidade da água do córrego. Entretanto, com o trabalho que vem sendo realizado pelos produtores a situação mudou e um dos principais indicadores disso é a recuperação mata ciliar destas nascentes.

Atualmente, mais de 60 produtores aderiram ao programa. A ANA já tem 23 fazendas da região cadastradas como produtoras de água e futuramente seus proprietários poderão receber pagamento por prestação de serviço ambiental.

Mas se a cidade se preocupa com a preservação do Guariroba, deixa em segundo plano o seu principal curso de água, o rio Anhanduí, que nasce na região central , na confluência dos córregos Segredo e Prosa, seguindo em direção à região sul do município. Por se localizar em regiões densamente povoadas, o rio recebe esgotos domésticos clandestinos, os quais são lançados nas galerias de águas pluviais, como também oriundos dos seus afluentes. Além disso, recebe um grande volume de sedimentos e está assoreado em boa parte do seu curso na área urbana.

Mas a natureza resiste. O rio Anhandui tem 390 quilômetros de extensão e além de Campo Grande passa também pelo território dos municípios de Nova Alvorada do Sul e Ribas do Rio Pardo, antes de desaguar no rio Pardo, que, por sua vez, é afluente do rio Paraná. No caminho, antes de desaguar no rio pardo o Anhanduí ganha volume e demonstra sinais de recuperação.

"Neste caminho até o Pardo, o Anhanduí recebe a água de rios e córregos que não passam por áreas urbanas e não estão poluídos. Ele está se recuperando e tem uma boa quantidade de peixes", comenta o major da Polícia Militar Ambiental de Mato Grosso do Sul (PMA), Edenilson Queiroz.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2015/08/campo-grande-rem…

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